Explorando a essência da Índia
Henry Daniel Ajl
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Nascer do dia no sereno vilarejo de Pushkar.
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Antes de mais nada, jogue fora os clichês. Desfaça-se de estereótipos. Afaste de sua mente imagens pré-concebidas. A Índia, afinal, é infinitamente mais fascinante e complexa do que as brochuras turísticas insistem em mostrar.Desembarquei em Nova Délhi em uma abafada madrugada de Abril. Em poucos minutos, pude sentir na pele o desafio de viver e de se aventurar por um país com mais de um bilhão de habitantes. Ainda no aeroporto, fui rodeado por algumas dezenas de motoristas de táxis. Lutavam pela oportunidade de me conduzir à região de Paharganj, um amontoado de ruelas estreitas, encrustradas de pequenas pousadas, onde mochileiros e aventureiros de todo mundo se encontram. Confesso que me assustei ao chegar lá. O lugar parecia ter sido palco de uma guerra civil durante o dia. Entre pilhas de sujeira e lixo, diversas vacas – animal sagrado para os Hindus – vagavam à procura de alimento (na Índia, as vacas comem até jornal!). Motoristas de rickshaws (tradicional triciclo indiano motorizado) dormiam ao relento, sentados em seus veículos. Os pequenos edifícios em estilo vitoriano estavam em péssimo estado de conservação. Hospedei-me numa pousada instalada em um desses prédios. A diária de 60 rúpias equivalia a pouco mais de um dólar. Muito barato. Mas as condições do quarto eram de doer: encardido e escuro. Apesar das dificuldades do primeiro dia em terras indianas, eu transbordava de felicidade. A Índia representava o ponto de partida para uma incrível jornada pessoal. Durante os próximos 14 meses eu viajaria pelos pontos mais distantes do continente asiático: da Grande Muralha da China à pequenina Ilha de Flores, na Indonésia; e das montanhas da Birmânia ao Delta do Mekong, no Vietnã.
Henry Daniel Ajl
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