Revelações de um país destruído pela guerra
Henry Daniel Ajl
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Campos da morte de Phnom Phen. Milhões de pessoas foram massacradas durante regime.
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O Camboja é um país destruído pela guerra, dizimado pela tirania de governantes sanguinários e pela doença trazida pelos ocidentais. O domínio francês na Indochina deixou a sua marca na arquitetura colonial de Phnom Phen e de Battambang (segunda maior cidade do país) e nas baguetes com queijo tradicionalmente servidas nos cafés da manhã da região. A lógica cruel da Guerra Fria transformou o Camboja num verdadeiro campo de batalha. A imposição de governos fantoches e a existência de guerrilhas patrocinadas pelas grandes potências resultou na instalação de um regime de terror em 1975, representado pelo Khmer Rouge e pelo seu líder Pol Pot. Mais de 2 milhões de cambojanos foram mortos pelos carniceiros maoístas do Khmer Rouge. A elite cultural e educada do país foi aniquilada sob a acusação de ser "agente dos capitalistas". Tive a oportunidade de visitar os famigerados Campos da Morte onde pilhas de crânios compoem um emocionante mausoléu aos mortos. O armistício de 1993 trouxe esperança ao país, além de inúmeros integrantes de Organizações Não Governamentais e representantes da ONU. Os ocidentais foram ao Camboja para resolver um problema, mas levaram outro: o excesso de dólares - e de hormônios – provocaram o desenvolvimento da prostituição e, com ela, o aparecimento do HIV. Segundo estatísticas da Organização Médicos Sem Fronteiras, mais de 50% das prostitutas cambojanas são portadoras do vírus da AIDS. Ironicamente, testemunhei um dos integrante desta respeitada ONG utilizando um carro oficial da organização para contratar os serviços de uma prostituta numa das ruas de Siem Reap.
Henry Daniel Ajl
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