A beleza escondida do Camboja
Henry Daniel Ajl
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Faces de pedra: verdadeiros guardiões da antiga capital Khmer.
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Apesar das dificuldades, o Camboja tenta se reconstruir. Para tanto, o país aposta o seu futuro na grandeza de seu passado. Angkor, no oeste do Camboja, é uma das grandes realizações da Humanidade. Há mais de mil anos desenvolveu-se nesta região dominada pelo grande lago de Tonle Sap (um dos mais piscosos do mundo) um reino que se tornaria o maior do sudeste asiático.O Império Khmer estruturou-se sobre uma base social bem definida, o poder centralizado nas mãos de homens poderosos, verdadeiras divindades. A autoridade destes imperadores permitiu a mobilização de uma massa gigantesca de trabalhadores para a realização de obras grandiosas, como o sistema de canais para irrigação e a construção de suntuosos prédios públicos. Durante dias inteiros percorri a imensidão de Angkor para conhecer a antiga capital Khmer. As imagens talhadas nas paredes dos templos por artesãos-escravos impressionam a todos. As misteriosas faces de pedra figuram como guardiões eternos dos santuários idealizados pelos imperadores Jayavarman e Suryavarman. Após o declínio do Império Khmer, Angkor foi abandonada pelos antigos habitantes, vindo a ser "engolida" pelas florestas tropicais do país. Somente no século XX a antiga capital foi resgatada das "entranhas" da mata pelos arqueólogos, revelando toda a sua beleza. Mesmo assim, o passado ancestral e glorioso do povo Khmer contrasta com a história recente e trágica do Camboja. Os turistas são aconselhados a não visitar sozinhos os sítios arqueológicos mais distantes em razão da grande quantidade de minas terrestres espalhadas pelos campos e florestas. Volta e meia nos deparamos com crianças e adultos presos a cedeiras-de-roda em razão de membros dilacerados por explosivos. Mas a relativa estabilidade política que o país tem desfrutado nos últimos anos colocou o Camboja na rota dos viajantes que se aventuram pelo Sudeste Asiático. Boa notícia para os pesquisadores, que poderão formular as suas teorias sobre o apogeu e declínio dos grandes impérios da Humanidade caminhando, tranquilamente, pelas alamedas milenares de Angkor.
Henry Daniel Ajl
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