A Travessia da Chapada Norte
Henry Daniel Ajl
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Cenário da travessia da Chapada Norte.
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O holândes Gaspar jamais se esquecerá de sua vinda ao Brasil. Em especial, do período de duas semanas em que esteve se aventurando pela região de Jacobina e Itaitú, em pleno sertão baiano. Conheci o holandês num animado quarto de albergue em Salvador, na Bahia. Antes de me lançar à imensidão do agreste, decidi pesquisar junto aos turistas estrangeiros que se amontoam pelas ruas do Pelourinho o que eles sabiam sobre o sertão brasileiro. Não me surpreendi com a resposta: não conheciam nada. Absolutamente nada. Não podemos recriminá-los. Afinal, o que sabem os brasileiros sobre o sertão? Gaspar, contudo, mostrou-se profundamente interessado pela pesquisa que eu planejava realizar no Nordeste. Movido, talvez, pela alma batávia que levara os holandeses a explorar os mais distantes pontos da Terra. Gaspar decidiu alterar os seus planos de viagem para me acompanhar pelas entranhas do agreste baiano. Partimos de ônibus de Salvador rumo à Jacobina, na desconhecida região da Chapada Norte. Conhecida como a Cidade-Presépio, Jacobina esparrama-se pelas encostas de imponentes maciços rochosos. A cidade se destaca pela sua localização privilegiada em meio ao semi-árido e pela hospitalidade da sua gente. Diferentemente do que acontece com a região meridional da Chapada Diamantina (região de Lençois, Mucugê, Andaraí), o Piemonte da Chapada, ao norte, é praticamente inexplorado e maravilhosamente selvagem. Densas faixas de mata atlântica serpeiteiam por entre grandiosos chapadões, ocultando uma riquíssima biodiversidade. Inúmeras cachoeiras despencam do alto das serras talhando o relevo e formando piscinas naturais. Verdadeiro espetáculo no sertão.
Henry Daniel Ajl Henry contou com apoio de Havaianas e Timberland
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