As mil cores do sertão
Henry Daniel Ajl
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Preparando o doce de marmelo.
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Os amigos holandeses de Gaspar poderão provar uma das especialidades da culinária do entorno de Jacobina: o doce de Marmelo. Meu amigo de Amsterdã não perdeu a oportunidade de comprar dois "tijolos" da guloseima num dos típicos galpões-doceria espalhados pela região da Caatinga do Moura. É nesta área que o agreste revela-se verdadeiramente hostil à presença do Homem e onde o sertanejo deve reafirmar as palavras de Euclides da Cunha e ser “antes de tudo, um forte”. Por toda parte, a caatinga domina, o mandacaru apontando para o céu como que culpando os deuses pela desolação. À medida que avançávamos sertão adentro, o panorama tornava-se monocromático, o matiz pastel do semi-árido dando o tom. Mas o sertão voltaria a me surpreender. Em plena Caatinga do Moura, o Refúgio do Marmeleiro era uma profusão de cores mágicas, uma aquarela vibrante. Como que dando boas vindas aos viajantes, um magnífico flamboiant vermelho exibia-se despudorado. Ao seu lado, um ipê-amarelo cintilava. Que prazer eu tinha em caminhar por entre umbuzeiros, cajueiros, mangueiras e limoeiros para tirar "do pé" o mais doce néctar do agreste! Um simplificado sistema de canais trazia água do estreito rio perene que corria pelo coração do vale, dando vida ao solo antes moribundo. No Refúgio do Marmeleiro descobri que o problema do Agreste é o Homem e não a Terra.
Henry Daniel Ajl Henry contou com apoio de Havaianas e Timberland
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