1995
FHC tem primeira queda de popularidade
Fernando
Henrique iniciou seu governo com 55% da população
acreditando que ele resolveria os problemas do País.
Em contrapartida, 51% achavam que a inflação
iria crescer. Na
área econômica, os primeiros meses foram de acertos
entre as várias áreas envolvidas. Os remanescentes
do governo Itamar Franco eram o ministro da Fazenda, Pedro
Malan; o presidente do BNDES, Edmar Bacha e o diretor da área
internacional do Banco Central, Gustavo Franco. Os três,
entretanto, ocupavam cargos diferentes na gestão anterior.
Um
dos principais pontos positivos, conforme apontou o jornalista
econômico Luís Nassif em abril de 95, foi a determinação
no tratamento dos bancos estaduais, com a intervenção
no Banespa e no Banerj. Além disso, a área de
despesas do governo apresentava um controle rígido
por parte dos ministérios de Planejamento, Fazenda
e Tesouro. Não havia, por outro lado, clareza nas reformas
e na privatização e faltava uma proposta clara
de política salarial.
O
novo governo, antes mesmo de ser empossado, foi atropelado
pela crise do México, economia que funcionava como
modelo para o Plano Real. Como conseqüência, os
capitais especulativos fugiram em massa, afetando todos os
mercados latino-americanos, e houve uma quebra na credibilidade
da política cambial, que sustentou o Plano Real nos
primeiros meses.
Em
março, o ministro da Aeronáutica, Mauro Gandra,
e o secretário de Assuntos Estratégicos, Ronaldo
Sardenberg, tiveram de responder a suspeitas de irregularidades
em torno do Sistema de Vigilância da Amazônia
(Sivam). O projeto previa a instalação de radares
na Amazônia ao custo estimado de US$ 1,4 bilhão
e se transformou em escândalo quando se descobriu que
o governo havia escolhido uma fraudadora da Previdência
Social - a falida Esca - para gerenciar o programa.
Na
mesma época, o economista Pérsio Arida, então
presidente do Banco Central, foi acusado pelo senador José
Eduardo Dutra (PT-SE) de permitir vazamento de informações
privilegiadas para setores do mercado financeiro antes da
desvalorização do real para o dólar.
Nada foi comprovado e três meses depois Arida se demitiu
do cargo. Em agosto, o secretário de Acompanhamento
Econômico, Dalmo Dallari, foi demitido por causa de
denúncias de tráfico de influência e vazamento
de informação privilegiada. Dallari estaria
prestando consultoria a empresas que deveria fiscalizar.
Uma
manobra da bancada ruralista, composta por cerca de cem parlamentares,
obrigou o governo a prorrogar R$ 1,8 bilhão em débitos
por até três anos. Eles não votariam as
emendas da Ordem Econômica caso o governo não
cedesse.
O
episódio do Banco Econômico foi, talvez, o mais
forte deste primeiro ano de governo. Em menos de 48 horas,
o governo fechou um acordo para amenizar os efeitos da intervenção
do Banco Central no Banco Econômico da Bahia, cedendo
a pressões do senador Antônio Carlos Magalhães
(PFL-BA). Em troca, o governo conservaria o apoio pefelista.
Depois, o governo voltou atrás e abriu uma crise com
o partido.
Fernando
Henrique terminou o ano com o apoio de 40,7% dos brasileiros,
de acordo com pesquisa Gallup da época. Entretanto,
segundo a pesquisa, caiu o número de pessoas que achavam
ruim o governo, de 27,3% para 21,3%. O declínio da
popularidade foi mais acentuado entre os mais ricos e na classe
média, mas, mesmo assim, a aprovação
do governo ainda era maior entre os mais ricos do que entre
os mais pobres.
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