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1998
Atividade econômica cai, mas FHC se reelege

Com as eleições marcadas para o final do ano, os aliados do presidente estabeleceram a estratégia de iniciar a campanha só depois da disputa da Copa do Mundo de Futebol, para manter a popularidade de Fernando Henrique e evitar desgastes desnecessários. Ao mesmo tempo, avaliavam que a principal bandeira dos candidatos da oposição seria a crítica ao aumento do desemprego no País. Por isso, decidiram reforçar o programa Brasil em Ação, principalmente em projetos que ajudassem a abrir novos postos de trabalho. Também foi cobrado do presidente maior atenção ao salário mínimo e um trabalho junto à população para que ela não se sentisse prejudicada com a reforma da Previdência.

Mas nem tudo era relacionado à campanha eleitoral. Escolhido para ser o 'ano da saúde', 98 viu serem extintos importantes orgãos da estrutura do Ministério da Saúde, como a Central de Medicamentos (Ceme) e o Instituto de Alimentação e Nutrição (Inan). E mais: surgiam novas denúncias de irregularidades na distribuição e aplicação de verbas. As reformas administrativa e da Previdência sofriam várias restrições.

Na primeira pesquisa Ibope do ano, a confiança na estabilidade econômica caía: 47% acreditavam que a inflação iria aumentar. Em outubro, a porcentagem era de 37%. A preocupação com o desemprego era grande: 67% acreditavam que iria aumentar. E, preocupação para o governo, as intenções de voto indicavam uma diminuição em relação a Fernando Henrique: apenas 40% votariam nele.

De fevereiro a julho, Fernando Henrique percorreu todo o Brasil, em viagens que não poderiam ser caracterizadas como de campanha eleitoral - mas foram. Embora a assessoria de imprensa do presidente negasse um aumento no ritmo de viagens, os números mostravam o contrário: no primeiro ano de mandato, ele havia visitado três cidades em fevereiro, número que se manteve nos anos seguintes. Em fevereiro de 98, oito localidades receberam Fernando Henrique.

A reforma da Previdência, finalmente, recebeu aprovação da Câmara, abrindo a possibilidade de adoção de um novo modelo para a previdência pública e privada. Mas a proposta ainda precisaria passar por várias discussões e só seria transformada em projeto de lei em 99.

Fernando Henrique pensou também em contemplar a mulher, e anunciou um plano para ampliar, em dois anos, o acesso de mulheres aos postos mais altos da administração pública. Poucos dias depois, ele anunciou uma "reforma agrária verde", que recebeu severas críticas por parte dos ambientalistas: "Teoricamente, as medidas são perfeitas, mas a fiscalização é absolutamente inoperante. Portanto, não adianta nada", dizia João Paulo Capobianco, do Instituto Socioambiental. A reforma agrária também é criticada e de nada adianta a defesa do ministro Raul Jungmann de que já foi alcançada mais da metade da meta estabelecida pelo presidente, de assentar 280 mil famílias.

O ano eleitoral impõe mudanças no ministério: no início de abril, cinco ministros se retiraram para cuidar de suas candidaturas e dois foram demitidos: Carlos Albuquerque, da Saúde, substituído por José Serra, e Arlindo Porto, da Agricultura, que deu lugar a Francisco Turra. Através de várias manobras e acordos políticos, Fernando Henrique montou um ministério composto por homens engajados na tarefa da reeleição.

Apesar da vitória política, abril se mostrou um mês complicado: Fernando Henrique perdeu um de seus mais fiéis aliados, o ministro Sérgio Motta, das Comunicações, morto no dia 20. Poucos dias depois, ele teria de comparecer ao enterro de um outro aliado político: o do filho do senador Antônio Carlos Magalhães, Luís Eduardo, deputado do PFL e líder do governo na Câmara. No final do mês, o presidente pedia urgência na aprovação da reforma da Previdência, que começaria a ser votada logo em seguida.

A candidatura de Fernando Henrique foi homologada em junho, com apoio oficial do PFL e do PPB, e a estabilização da economia, com a queda e o controle da inflação, continuava sendo a principal bandeira do governo. O presidente aparecia como favorito nas pesquisas. Entretanto, o governo sofria revezes na Câmara e no Senado: a votação da reforma da Previdência, depois de vários adiamentos, ficou marcada para depois das eleições e as mudanças constitucionais tiveram sua segunda etapa postergada para o ano seguinte. No setor das privatizações, a novela da vez era o Sistema Telebrás, cuja receita seria revertida para abatimento da dívida pública.

A economia mundial sofria uma seqüência de abalos, com quedas sucessivas das bolsas. No Brasil, punha a descoberto o desequilíbrio fiscal, mas não chegou a atingir a campanha eleitoral, embora impusesse um desafio difícil à equipe econômica do presidente: indicar soluções para sair do buraco fiscal e, ao mesmo tempo, crescer e criar empregos. Nos discursos, o tom era de continuidade administrativa: conclusão das reformas contitucionais, simplificação do sistema tributário, aumento de exportações, continuidade do programa de privatizações, saneamento do déficit público, redução gradual da taxa de juros. Mais tarde, ele declararia pretender fazer amplas mudanças no Ministério. No balanço geral do ano, reconheceu ter ocorrido uma desaceleração da atividade econômica, mas garantiu uma retomada do crescimento.

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Os 68 meses de administração de conflitos


1999
Governo balança com crise econômica

1997
Na metade do mandato, FHC já quer reeleição

1996
Governo inicia ano com 60% de aprovação

1995
FHC tem primeira queda de popularidade

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Uma campanha baseada na nova moeda