Rio - Os veículos arrematados em leilões pela advogada Renata Carla Moura Alves, que se diz ex-funcionária do técnico da seleção brasileira, Wanderley Luxemburgo, eram revendidos na empresa Luxemburgo Veículos, que funcionava no Grajaú, na zona norte do Rio. A informação é da Polícia Federal e do advogado de Renata, Fernando Andrade da Silva.
As negociações de compra e revenda de bens motivaram as investigações sobre possível crime de sonegação de impostos, atribuída ao treinador.
A Luxemburgo Veículos ainda está registrada na Junta Comercial do Rio como empresa ativa, mas não consta, entre seus sócios, o nome do treinador. No endereço antigo, agora está instalada outra agência de carros: a Maison Veículos.
Com procuração de Luxemburgo, Renata costumava freqüentar leilões em fóruns no Estado do Rio e do Espírito Santo para adquirir automóveis, objetos de arte e apartamentos, em seu próprio nome. Esses bens, penhorados, eram comprados a preços abaixo do valor de mercado, entre 10% e 30% mais baratos e, depois, renegociados.
Em depoimento à Polícia Federal, Renata afirma que Luxemburgo depositava dinheiro em suas contas correntes para concretizar as negociações.
O lucro seria revertido ao treinador e a Renata cabia apenas uma porcentagem de 10% de cada transação. Andrade da Silva não soube precisar o montante envolvido nas operações. Segundo um leiloeiro que atua na área de Justiça do Rio, não é comum que uma pessoa compre bens com procuração de outras e mantenha o produto adquirido no próprio nome.
Luxemburgo só vai se eximir de um eventual processo se quitar com a Receita Federal supostas dívidas antes de ser denunciado. Ele admitiu que poderia ter problemas com o Fisco e que resolveria a questão rapidamente, "pagando o que devesse".
Punição? O procurador Arthur Gueiros explicou que a Legislação Tributária não prevê "punibilidade" para um sonegador se ele sanar suas dívidas antes de uma denúncia. A procuradora Lilian Gulhon Dore vai decidir na próxima semana se denuncia Luxemburgo.
O advogado de Renata disse ainda que sua cliente acredita num acordo com Luxemburgo para não continuar com uma ação trabalhista contra o técnico. Ela reivindica cerca de R$ 1,5 milhão de indenização, referente a férias, 13.º salário e outros encargos que deveriam ter sido pagos à ex-funcionária de Luxemburgo.
A ação teve início após o depoimento de Renata à PF, que teria causado sua demissão. Ela mostrou documentos para provar que atuava como "laranja" de Luxemburgo. O técnico não quis falar sobre este assunto.