Rio - Gustavo Borges e Henrique Guimarães tem mais do que
a medalha olímpica e a idade em comum. Com 27 anos, os dois possuem um forte
espírito de liderança e são os mais experientes das equipes de natação e
judô, respectivamente, nas Olimpíadas de Sydney. Eles são exemplos a serem
seguidos por seus companheiros de equipe na busca pela tão sonhada medalha.
Gustavo, prata nos 100m livre em Barcelona, prata nos 200m e bronze nos 100m
livre em Atlanta-96, vem de uma família de classe média de Ribeirão Preto e
começou a nadar aos 9 anos. No início, ficava chateado porque perdia até
para as meninas de sua idade. Hoje, ao lado do iatista Torben Grael, é o
maior medalhista da história olímpica brasileira. Mas ele não está
satisfeito: "Eu tenho ambição. É claro que quero mais uma medalha. Eu sei que estou
bem, treinando muito forte. Mas só posso controlar o que eu vou fazer. Não
dá para saber do que os outros nadadores são capazes".
Borges afirma que o nível da natação mundial, principalmente nas provas de
velocidade, cresceu muito. Mas nem por isso o nadador deixa de confiar nas
suas possibilidades: "Acho o nível do nosso revezamento muito bom, temos chances de medalha. E
acredito que também dá para lutar pelo pódio nos 100m livre".
O judoca Henrique Guimarães, bronze em Atlanta-96, por outro lado, veio de
uma família humilde de São Paulo, passando por dificuldades para seguir
treinando. Em 1990, quando servia o Exército, o paulista não tinha dinheiro
para pegar condução para o local de treinos. A situação só melhorou em 1992,
quando Henrique foi vice-campeão mundial júnior, na Argentina. No entanto, o
judoca acredita que as dificuldades ajudaram na sua formação como atleta.
Após a medalha de bronze, Henrique conseguiu alcançar uma tranqüilidade
financeira. Por isso ele acredita estar em condições de conquistar mais uma
medalha.
Ele não está preocupado nem com o sorteio da chave que irá definir seus
primeiros adversários em Sydney: "Quando você almeja o ouro, não pode ficar pensando em quem vai lutar
primeiro. Eles é que devem se preocupar comigo".
Durante os treinos em Canberra, Henrique está se enquadrando na figura de
consultor dos companheiros, função que não o incomoda: "Eu espero o atleta me procurar e então tento passar calma e tranqüilidade para eles. Apesar de ser uma equipe muito jovem, esses garotos já
participaram de várias competições no exterior".
L! Sportpress