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Só goleada alivia pressão sobre Luxemburgo
Domingo, 03 Setembro de 2000, 11h15
Atualizada: Domingo, 03 Setembro de 2000, 11h16

Rio - Wanderley Luxemburgo sonhou a vida inteira com a seleção brasileira. Ainda treinador do Bragantino, em 1990, direcionou sua carreira para o selecionado. Os títulos, o discurso, os ternos conseguiram provar que a moderninade chegaria com ele e convenceu a quase todos que tornaria a seleção imbatível para a Copa de 2002.

Apenas sete jogos depois das Eliminatórias, já veio o desencanto, com uma campanha que coloca o Brasil no quarto lugar na América do Sul: vitórias contra Argentina, Equador e Peru, empates diante da Colômbia e Uruguai, e derrotas para Paraguai e Chile. As denúncias de dívidas com o Imposto de Renda e as acusações da ex-secretária Renata Alves de que o técnico ganhava comissões nas vendas de jogadores serviram para deixar sua imagem mais desgastada.

A ameaça parte do próprio presidente da CBF, Ricardo Teixeira: ou o time vence, e bem, a Bolívia, hoje às 17 horas, no Maracanã, ou Luxemburgo poderá ser demitido. “Como todo torcedor, estou cansado do pífio futebol que estamos mostrando.” E Luxemburgo depende justo de seu maior inimigo no futebol para sobreviver – Romário.

"Mais do que ninguém, sei da importância do jogo contra a Bolívia. O Brasil tem sido uma equipe instável nestas Eliminatórias. Não pude treinar como gostaria. Jogadores fundamentais estão em ritmo de pré-temporada. Mas não vou dar desculpas, nós iremos entrar para essa partida como nunca entramos nas Eliminatórias. Vamos provar ao torcedor que vale a pena apostar na nossa Seleção. Acabou a instabilidade", discursa, até para ele mesmo se animar.

Luxemburgo está tão desesperado para vencer o jogo que nos três únicos coletivos não fez sequer um teste com um reserva. Se alguém se machucar, ou não estiver bem no jogo, o reserva terá de se entrosar apenas conversando. Aposta tudo no ataque. Coloca o talento de Romário, Ronaldinho Gaúcho e Rivaldo na frente. Inteligente, ele sabe que precisa de uma goleada hoje.

"Time nenhum tem tanto potencial ofensivo. Todos misturam habilidade e velocidade. O Romário é um definidor de primeira. Pressionando os bolivianos desde o início, tenho a certeza de que ganharemos, e bem . Quero muito pegada, vontade, motivação. Técnica nós temos, faltava vontade mesmo", confidencia o treinador.

"Nos conscientizamos que precisamos reagir. Nós também estamos envergonhados com o que estamos jogando. Desde os tempos do Palmeiras eu sonhava em estar na Seleção tendo como treinador o Wanderley. Tinha certeza que ele era o homem ideal para dirigir o Brasil. A parte dele está fazendo. Chegou a nossa hora", confessa Rivaldo.

"Temos um time excelente, o técnico ideal, mas não conseguimos jogar. O problema até agora tinha sido falta de coração. Nós chegamos à conclusão de que não vamos ganhar só com o nome. Descobrimos na marra que já estamos disputando a Copa do Mundo", garante o capitão Cafu.

Luxemburgo observou vários teipes e descobriu o óbvio: os bolivianos vão jogar retrancados no Maracanã. Para não perder tempo como de costume com seu time tocando bola pelo meio da intermediária adversária, deslocará desde o início do jogo Rivaldo para atuar como parceiro do lateral Júnior na esquerda e Ronaldinho Gaúcho na direita ao lado de Cafu.

"Jogando aberto, quase como ponta vou ajudar a abrir espaço na defesa boliviana. Assim será melhor para o Romário e até para os nossos volantes, que entrarão de surpresa na área deles para chutar. Vamos buscar não só a vitória, mas convencer a torcida de que vale a pena apostar na Seleção."

Com tanta vontade de golear, o Brasil estará desprotegido atrás. Nos treinos, os reservas cansaram de contragolpear com perigo. Se o desastre acontecer e a Seleção Brasileira, por exemplo, perder, Luxemburgo nem deve embarcar para Sidney como está previsto após a partida.

Candinho seria efetivado técnico da Seleção Olímpica, enquanto Ricardo Teixeira escolherá entre Parreira e Luiz Felipe Scolari o sucessor de Luxemburgo. Cabe aos jogadores mudarem o script até aqui medíocre da aposta na modernidade.

Agência Estado


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