Rio - Pressionado por Wanderley Luxemburgo, Romário voltou atrás na declaração de que não aceitaria mais ser convocado para a seleção enquanto Luxemburgo for o técnico. A amigos havia afirmado que enfrentaria a Bolívia, neste domingo, e depois se vingaria do treinador que não o levou à Olimpíada, não aceitando convocações.
"Não foi bem o que eu quis dizer. Fui mal interpretado, ou não me expressei bem. Ainda vou continuar tendo a honra de vestir a camisa da seleção por um bom tempo. Não sei até quando, mas não estou me despedindo, não. Até porque está cada vez mais fácil jogar. Essa garotada não tem técnica, só força. Dependendo de como estiver a minha cabeça, posso até disputar a Copa de 2002. Com 36 anos vou estar inteiro", garante.
Romário voltou atrás em relação a abandonar a seleção depois que, irritado com as declarações dúbias de sexta-feira, Luxemburgo o ameaçou dispensar imediatamente da seleção. A conversa aconteceu à noite, na concentração da Granja Comary. E o treinador fez questão de que Romário se desmentisse publicamente no sábado. O atacante teve de baixar a cabeça e fazer o que o técnico mandou.
Zico tem uma contribuição involuntária na permanência de Romário. O atacante tem como obsessão superar tudo que o ídolo do Flamengo fez. E Zico marcou 53 gols pela seleção brasileira. É o segundo artilheiro de todos os tempos, só perde para Pelé, que marcou 77 gols. Romário tem 52. Se marcar dois neste domingo ultrapassará o eterno rival.
"Há muito tempo eu não ficava esperando tanto uma partida. O Brasil está muito mal nas Eliminatórias. Nenhum dos atacantes que o Wanderley chamou fez gols. Eu quero arrebentar e mostrar que ainda sou importante à Seleção Brasileira. Jogarei na minha casa, que é o Maracanã, diante dos cariocas, como eu. Vai ser duro me segurar. Sou especialista em ser salvador da Pátria", provoca, irônico.
Ele se refere há sete anos, quando marcou os dois gols contra o Uruguai, no Maracanã, que levaram a também instável seleção de Parreira à Copa dos Estados Unidos.
Romário sofreu um grande golpe no duelo de vaidades que trava com Luxemburgo. O atacante não esperava que o treinador fosse resistir aos apelos da imprensa carioca e não o incluísse na delegação que disputará a medalha de ouro na Olimpíada. "Não acreditei quando soube que o Wanderley não me chamou. Ele vai se arrepender, mas aí será tarde."
Amigos do jogador garantem que ele ainda dará o último golpe nessa briga, que apesar de suas últimas declarações, o atleta se esforçará como nunca para fazer gols e dar a vitória ao Brasil e depois se afastará da seleção brasileira, garantindo que não aceitará mais convocações enquanto Luxemburgo for o treinador.
Então, a opinião pública massacraria o técnico por ter aberto mão do talento do artilheiro, principalmente se o Brasil não vencer a Olimpíada. A relação entre os dois, que já era fria desde 1995, quando Romário derrubou Luxemburgo no Flamengo, se tornou mais tensa depois da confirmação do afastamento do jogador da Olimpíada.
"Não sou amigo do Wanderley e nunca serei. Nós temos uma convivência profissional e olhe lá", resume. Quanto a Zico, Romário diz que quebrar o recorde deste outro inimigo declarado lhe dará muita satisfação. "Eu já supero o Zico em quase tudo. Se preciso de dois gols para deixá-lo para trás novamente, é tudo o que eu quero fazer. E ainda vou buscar os 77 gols que o Pelé fez pela seleção. Alguém duvida?", pergunta, provocativo.