Sydney– Uma laranja pode ser tão perigosa quanto uma arma? Para os oficiais aduaneiros que inspecionarão bagagens antes e durante a Olimpíada de Sydney, a resposta é sim. Na sede do torneio, um turista pode passar pela inusitada situação de ser processado se não declarar estar levando frutas na bolsa. Ovos e carne também são fiscalizados com rigor.
Segundo um dos responsáveis pela área de quarentena do Aeroporto Internacional de Sydney, Carson Creagh, o fato não é mera excentricidade. “Temos regulamento rígido para proteger nossa fauna, flora e agricultura e impedir que pragas de outras partes do mundo possam destruí-las”, diz. “Quando um produto é suspeito, fica na quarentena.” As regras já criaram situações engraçadas. “Uma vez, pegamos uma francesa com pacotes de sementes de uva nas roupas íntimas.”
Creagh afirma que a Austrália tem conseguido ficar longe de uma série de epidemias e problemas. Até o momento, o país não registra casos de febre amarela ou malária. Cerca de 75% dos produtos agrícolas australianos são exportados e as plantações de laranja estão imunes ao cancro cítrico. “Possuímos plantas e animais que não são encontrados em nenhum outro lugar e não têm defesa contra doenças.”
O oficial admite que africanos e americanos têm recebido uma “atenção especial” da fiscalização. No formulário apresentado no avião, os passageiros precisam responder se estão vindo de um desses dois continentes. Os brasileiros são obrigados a apresentar carteira de vacinação contra a febre amarela. Para o oficial, as autoridades brasileiras tratam a saúde pública de “forma estranha”. “Quando falei com eles sobre minhas preocupações sobre o registro de casos de brasileiros com febre amarela ou outras doenças, recomendaram que nós encaminhássemos o paciente ao médico e entrássemos em contato com eles.”
O Estado de S.Paulo