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Brasileiro se sente rejeitado na Austrália
Terca-Feira, 05 Setembro de 2000, 00h59

Sydney– O spray que a aeromoça despeja pelos corredores depois que o avião aterrisa em Sydney não deixa muitas dúvidas: qualquer estrangeiro que não fale o inglês diferenciado dos aussies (como os australianos descendentes dos britânicos são conhecidos) é discriminado pelos problemas que pode trazer. Num país isolado do resto do mundo, sem endemias ou pestes, o contato com um estrangeiro representa sempre uma ameaça.

Com os brasileiros não é diferente. “Se você não tem o sotaque, jamais será um deles”, conforma-se o comerciante Edgar Severino Soares, 34 anos de idade e quase dez de Austrália. “Não somos os mais discriminados, mas nunca teremos as mesmas oportunidades.”

Com ou sem bons empregos, existem oficialmente pelo menos quatro mil brasileiros morando na Austrália, dos quais mais da metade vive em Sydney. Estes são os números do Brazilian Comunity Council of Australian (Bracca), uma entidade criada há seis anos para reunir e ajudar os brazucas residentes no país e atualmente presidida por Elias Badaró, 38 anos, 12 deles vividos na Austrália.

O instituto organiza eventos para reunir os brasileiros e divulgar a cultura do país na Austrália. Nestes Jogos Olímpicos, a principal atividade do Bracca será a inauguração da Casa Brasil, no próximo dia 13, uma espécie de feira com a exposição de produtos e atrações típicas.

Além dessas reuniões eventuais e de um boletim bimestral com as notícias da comunidade, não há nenhuma ligação mais forte entre os brasileiros que moram em Sydney. Ao contrário dos chineses e italianos, por exemplo, não há bairros ou regiões conhecidas como recantos de brasileiros.

É verdade que a famosa Bondi Beach, chamada de “Copacabana local”, costuma ter um sotaque português, mas não serve como ponto de referência cultural. “Também há muitos gregos e libaneses, que são os farofeiros locais”, nota Edgar, dono do Severino’s Café, uma lanchonete no bairro chique de Talbot Bay. “A verdade é que os brasileiros estão espalhados e não são unidos.”

Se os brazucas não conseguem se aproximar um do outro, mais distantes ainda estão dos aussies. Apesar do clima e de algumas características semelhantes, como a preferência pela praia e pelos esportes, os brasileiros da Austrália não se sentem em casa. “A água está sempre gelada e o futebol deles é o rúgbi”, compara Edgar.

O abismo fica ainda maior quando se trata de comportamento. “Se um brasileiro tentar conversar com uma australiana, ela vai perguntar na hora qual é o seu objetivo e porque ele está se aproximando.”

No entanto, para os brasileiros e sul-americanos sobra uma certa tolerância. Mas que nunca pode ser confundida com amizade. “Aqui não existe sub-emprego e nem a discriminação social que a gente sente no Brasil, mas tenho muita vontade de voltar para lá”, afirma Elias, que trabalha numa fábrica de móveis e tem um negócio particular com decoração.

Edgar, o presidente do Bracca, também pensa em retornar. Por causa dos altos impostos e do custo de vida. “Sydney é uma cidade maravilhosa, mas o governo gastou demais com essa Olimpíada e a vida aqui, que já era cara, está ficando insuportável”, reclama Edgar.

O Estado de S.Paulo


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