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Sydney decide o futuro do COI
Quarta-Feira, 06 Setembro de 2000, 08h41

São Paulo - Além de mais de 900 medalhas, os Jogos de Sydney também poderão decidir o futuro do esporte olímpico. Desta Olimpíada sairá um Comitê Olímpico Internacional (COI) renovado e, possivelmente, uma candidatura mais sólida para a sucessão de Juan Antonio Samaranch, 80 anos, que deixa a presidência da entidade no próximo ano.

Com a renovação de boa parte dos 113 integrantes do COI, a ser anunciada no dia 12, poderá se ter uma idéia mais precisa da corrida sucessória. Entre os novos membros do comitê deverá estar o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, que ajudará a escolher, em julho de 2001, o novo comandante do esporte mundial.

O tom político que faltava nesses Jogos foi dado pela chegada de Samaranch, segunda-feira à noite, no Aeroporto de Sydney. Sem disfarçar o incômodo com o assédio da imprensa, o poderoso imperador do esporte olímpico já deu sinais de que está mais interessado em chegar ao final do mandato sem as turbulências que marcaram sua gestão. Na maior delas (da qual Samaranch não se livrou até hoje), toda a cúpula do COI acabou envolvida em denúncias de propina para a escolha de Salt Lake City como sede dos Jogos de Inverno de 2002.

Talvez por isso, o dirigente catalão tenha economizado em tudo: nas palavras, nos gestos e na aparente ostentação. "Espero ter uma boa noite de sono", resumiu Samaranch aos jornalistas, que queriam saber qual era sua expectativa sobre os Jogos. Depois, no Regent Park Hotel, um dos mais luxuosos da cidade, o presidente do COI trocou a suíte presidencial por outra mais modesta.

Na lista dos favoritos para a sucessão despontam alguns nomes. Entre os principais estão o advogado canadense Richard Pound, 48 anos; o ex-banqueiro australiano Kevan Gosper, 67 anos; o médico belga Jacques Rogge, 48 anos; e o diplomata coreano Un Young Kim, 69 anos.

Como a escolha será feita pelos 113 membros, a luta política nos bastidores pela renovação já começou. Além dos novos integrantes, também será importante a repercussão desta Olimpíada. Se a organização for um sucesso, o australiano Gosper poderá levar vantagem, embora Pound e Roger também tenham grande influência no comitê.

Chegando em Sydney para comandar sua última Olimpíada, Samaranch se limitou a elogiar a organização dos Jogos e falar sobre a previsão do tempo na cidade. Depois se trancou na sua "modesta" suíte, onde receberá os membros do COI para pequenas reuniões informais. Depois de 20 anos, parece que o cargo tornou-se um fardo pesado demais para o velho catalão.

Para Andrew Jennings - autor do livro "Os senhores do Anéis", que denuncia maracutaias na cúpula do esporte mundial - Samaranch foi o "Saddam Hussein do esporte". Também na Austrália, ele lembra que o presidente do COI era simpatizante do fascismo na Segunda Guerra e foi ministro da ditadura do generalíssimo Franco, na Espanha, na década de 60.

"Ele sempre ficou do lado errado e custo a acreditar como esse homem ainda continue no comando do esporte", afirma Jennings, que está lançando um novo livro sobre o assunto. Na sua obra mais recente, "The Great Olympic Swindle"(A grande falcatrua olímpica) ele denuncia ligações entre o COI e a máfia russa.

Jornal da Tarde


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