Brisbane - As denúncias e suspeitas que recaem sobre o técnico Wanderley Luxemburgo, que teria cometido, entre outras coisas, crime de sonegação fiscal, podem levar o Departamento de Imigração da Austrália a convocá-lo para prestar esclarecimentos. A informação foi dada ao Estado por dois advogados de Brisbane especializados em assuntos relacionados à imigração.
Os doutores Thomas Drakopoulos e Maree Elliott disseram, porém, que não existe a ameaça de extradição do treinador da seleção brasileira. Essa hipótese havia sido levantada pelo advogado Aralton Lima Júnior, que representa a ex-secretária de Luxemburgo, Renata Carla Moura Alves, numa ação indenizatória contra o técnico.
Lima Júnior ameaçou enviar à Austrália um dossiê sobre as denúncias que envolvem o nome de Luxemburgo em sonegação e supostamente em falsificação de documentos. De acordo com a análise da doutora Elliott, bastaria que a Imigração de seu país tomasse conhecimento, "casualmente ou não", das investigações que estão sendo feitas no Brasil contra Luxemburgo para que ele pudesse ser requisitado a dar explicações.
Ela já trabalhou como agente da Imigração e, por isso, sabe como funciona, na prática, a fiscalização australiana para estrangeiros. "Se algum funcionário do departamento souber do problema, e eu os conheço bem, vai querer destrinchá-lo", continuou Elliot.
A advogada australiana disse ter ficado surpresa com o fato de Luxemburgo ter deixado o Brasil, estando sob investigação da Justiça. "Como é que ele saiu?", indagou. Para o doutor Drakopoulos, a extradição só seria possível se Luxemburgo respondesse por crimes de outra natureza, como os que dizem respeito a drogas ou roubo.
Ele acredita que o curto período de estada na Austrália - o técnico vai retornar ao Brasil logo após a participação da seleção na Olimpíada - pode motivar um certo relaxamento das autoridades locais. "Se ele fosse morar aqui ou quisesse estender seu prazo de permanência, a chance de ter problemas seria maior", comentou.
Na edição de quarta-feira do jornal “Courier Mail”, de Brisbane - a terceira cidade mais importante da Austrália e local dos primeiros jogos de futebol do Brasil na Olimpíada -, Luxemburgo é citado em reportagem por estar enfrentando problemas com sonegação fiscal.
"No meu modo de ver, basta que alguém da Imigração leia esse jornal para começar a lidar com o caso", acrescentou Elliott. Ela divide o escritório de advocacia com Drakopoulos na Creek Street Brisbane, 97, no coração da cidade. A Imigração de Brisbane informou que só pode conceder entrevista com autorização do governo central, em Camberra.
Agência Estado