Camberra – Ser discreto. É esta a orientação que o presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), Coaracy Nunes, passou à equipe de 13 nadadores brasileiros que estão em Camberra, treinando no Instituto Australiano de Esporte (IAE). Após a confusão com Guga e seu patrocinador o conselho do dirigente aos atletas é ser prudente nos elogios ao maiô concorrente da Olympikus – o fast skin. Alguns nadadores pretendem usar Speedo.
Os nadadores têm autorização para vestir a peça que, segundo a Speedo, ajuda no desempenho – o tecido imitaria a pele do tubarão e teria efeito hidrodinâmico.“No nosso caso, essa é uma questão técnica e não de marketing", afirma Coaracy, que não quer ver os seus atletas envolvidos no assunto. “No caso de pódio, os atletas estarão usando a marca do patrocinador.” A Olympikus também é a marca da CBDA e a Speedo a patrocinadora da seleção de natação dos Estados Unidos.
Leonardo Costa, de 23 anos, um especialista nos 200 m, costas, a revelação da natação do Brasil nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, em 99, decidiu usar o maiô. E já encontrou uma saída para cumprir o que a CBDA determinou. O atleta pintou a marca concorrente. Leonardo já escolheu o modelo que usará, até o tornozelo e sem mangas. O nadador ainda está adaptando-se à nova peça. Ele ganhou do técnico Mark Schubert, que treina a seleção dos Estados Unidos, com quem Leonardo está trabalhando em uma universidade no sul da Califórnia.
“Ganhei, experimentei três vezes, em treinos, em trabalho mais forte de velocidade, e gostei.” Ontem Leonardo usou o maiô e garante que já baixou o seu tempo na piscina.
Os técnicos da natação evitam falar do assunto. Alguns acham que não passa de uma jogada de marketing dos fabricantes de material esportivo que usam a Olimpíada como vitrine para vender. “São vários os modelos e acho que a maioria dos nadadores ainda não decidiu o que vai usar”, afirma o técnico Reinaldo Dias.
Alguns nadadores importantes, como o bicampeão olímpico dos 50 e 100 m, livre, o russo Aleksandr Popov, já afirmaram que vão continuar usando as sungas tradicionais. Mas Leonardo Costa não tem dúvida que o visual da piscina desta vez será bem diferente, com os corpos cobertos de preto, com a “pele de tubarão”.
O Estado de S.Paulo