Sydney - Entrar em Sydney pelo aeroporto internacional nestes dias que antecedem os Jogos Olímpicos exige cada vez mais tempo e paciência. Que o digam dois membros do Comitê Olímpico Internacional (COI) barrados nesta sexta-feira pela polícia sob a alegação de que não tinham visto de entrada, apesar de estarem portando credenciais dos Jogos, documento aceito como visto durante a Olimpíada.
Um dos barrados seria Gafur Rakhimov, que estaria sendo investigado pelo FBI, a polícia federal americana, por suposto envolvimento com o crime organizado na Rússia. O incidente azedou as relações entre o COI e o governo australiano. O ministro da Imigração, Phil Ruddock, disse que não se importava com a repercussão do caso porque "a segurança do povo australiano" vinha em primeiro lugar.
À medida que se aproximam os Jogos, a segurança do aeroporto vai sendo reforçada, e chega à beira do exagero. Atualmente, 800 homens trabalham no aeroporto vasculhando bagagens à procura de armas, drogas e produtos de origem agrícola ou animal, cuja entrada é proibida no país.
Esse contingente equivale à soma dos atletas que Estados Unidos e Brasil estão trazendo para a disputa dos Jogos. Ninguém ultrapassa a alfândega sem que sua bagagem seja revistada pelos agentes e passe pelos cães farejadores. Na chegada da seleção brasileira de futebol a Sydney, policiais proibiram cinegrafistas brasileiros e japoneses de filmar os atletas quando estavam próximos à esteira de bagagem. Faltou pouco para uma briga.
"A segurança, de fato, foi reforçada em 200 homens nos últimos dias, mas isso estava planejado", afirma Leon Bedington, porta-voz do Serviço de Alfândega Australiano.
Dois incidentes acenderam a luz vermelha em Sydney esta semana. No primeiro, sábado passado, seguranças da equipe de Israel tentaram entrar na vila olímpica com revólveres e coletes à prova de bala. O caso foi encarado pelo comandante do Centro de Comando da Segurança Olímpica e, como os agentes israelenses colaboraram com a polícia, foi classificado como um "mal entendido".
No aeroporto, o técnico de atletismo do Usbequistão, Sergei Voymov, foi flagrado tentando entrar em Sydney com 15 frascos do hormônio de crescimento HGH. Os 15 frascos do produto, um dos mais visados pela comissão antidoping do COI, seriam suficientes para "abastecer" um atleta durante duas semanas, exatamente a duração dos Jogos Olímpicos.
Voymov está sendo investigado e sua credencial olímpica poderá ser cassada. Pela legislação australiana, está sujeito a até cinco anos de prisão.
Os números gigantescos que envolvem uma Olimpíada fizeram com que os australianos se preparassem para uma guerra. Durante o período dos Jogos, no mês de setembro, deverão passar pelo aeroporto 52.170 atletas, membros de delegações e jornalistas. Outros 252 mil passageiros de vôos internacionais desembarcarão na cidade e 424 mil em vôos domésticos estão previstos até o final de outubro.
Agência Estado