Sydney - Rodrigo Pessoa chegou a Sydney consciente de que é cotado para ganhar uma medalha de ouro olímpica e, ao contrário do que acontece com muitos atletas brasileiros, está absolutamente confortável com a situação. "O favoritismo realmente existe", reconheceu o atual campeão mundial, tricampeão da Copa do Mundo e primeiro colocado do ranking mundial do hipismo de saltos. "Mas não dá para dizer que será uma barbada, existem muitos cavaleiros bons e a disputa será duríssima", adverte ele.
Rodrigo tem motivos para estar confiante. No último fim de semana, ele conquistou o Grande Prêmio de Spruce Meadows, em Calgary, no Canadá, que lhe rendeu o maior prêmio da temporada 2000 do hipismo mundial: US$ 250 mil. "Realmente ganhar o maior grande prêmio do ano é algo que motiva bastante", revelou o cavaleiro, lembrando que o nível da competição foi forte.
O brasileiro competiu no Canadá com o cavalo Lianos e agora começará seus treinamentos, em Sydney, com Baloubet du Rouet. "Estou ansioso para reencontrá-lo", afirmou Rodrigo. Os treinos, segundo ele, só devem começar para valer depois de um tempo de descanso. "Tive um fim de semana puxado por causa da competição e preciso de pelo menos dois dias para me adaptar ao fuso horário, que no meu caso é de 17 horas", explicou o cavaleiro, lembrando que a diferença entre Canadá e Austrália tem três horas a mais do que as 14 entre o Brasil e o país sede dos Jogos.
Rodrigo foi recepcionado no Aeroporto de Sydney pelo seu companheiro de equipe, Álvaro Affonso de Miranda Neto, e pelo pai, Nelson Pessoa Filho. Neco afirma que está confiante em uma boa apresentação do filho e não acha que o favoritismo vá incomodá-lo. "Ele tem convivido muito bem com a pressão de ser o número 1 dos mundo nos últimos três anos", contou. "Uma coisa boa nele é que tem sangue frio e esse tipo de coisa não o abala."
Nelson Pessoa afirma que o favoritismo é uma coisa positiva para a delegação brasileira. "Estamos chegando nas condições que invejávamos nos nossos adversários em olimpíadas anteriores", disse o técnico da equipe brasileira de saltos em Sydney. Para ele, além de cavaleiros experientes, o Brasil possui boas montarias, que estão em ótima condição física.
Para quem acompanhou a chegada de Gustavo Kuerten a Sydney, cercada de festa, bolo de aniversário e até com a presença do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, o desembarque de Rodrigo Pessoa foi um verdadeiro contraste. Tão ou mais favorito ao ouro que seu colega tenista, o cavaleiro recebeu um tratamento bem diferente.
Ao desembarcar em Sydney, Rodrigo chegou a perguntar pela presença de dirigentes brasileiros, uma vez que desejava fazer seu credenciamento no aeroporto e, assim, garantir a entrada no Parque Horsley, local das competições de hipismo dos Jogos, e também na Vila Olímpica, onde pretende passar parte de sua estadia. O cavaleiro tentou esconder sua frustração com o tratamento e, sem o passe, teve que buscar o carro que irá usar durante as competições olímpicas e depois, foi descansar na casa que alugou na cidade sede dos Jogos.