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Família de Pretinha é de torcedores fanáticos
Quarta-feira, 13 Setembro de 2000, 20h39

Sydney - Conquistar a medalha de ouro na Olimpíada de Sydney e conseguir a valorização do futebol feminino não são desejos somente das jogadoras da seleção brasileira que estão na Austrália, mas também da família da atacante Delma Gonçalves, a Pretinha, de 25 anos. Quatro de seus seis irmãos, três sobrinhos e um cunhado, todos com a camisa do Brasil, se reuniram na madrugada desta quarta-feira na casa dos pais da atleta, em Senador Camará, zona norte do Rio, onde acompanharam a estréia da equipe, na vitória por 2 a 0 sobre a Suécia, com um gol de Pretinha.

A mãe da atleta, Ana Rosa Gonçalves, de 68 anos, lembrou o esforço de Pretinha para conseguir jogar futebol e pediu aos dirigentes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) um maior investimento no feminino.

Antes do primeiro gol, marcado por Pretinha, Ana lembrou das brigas que tinha com a filha porque a proibia de jogar bola com os garotos da rua onde moram.

Já o pai de Pretinha, Osvanir Gonçalves, de 63 anos, revelou que desde quando ela começou a praticar esporte, com apenas quatro anos, procurou incentivá-la. De acordo com Gonçalves, enquanto a mãe proibia, ele não se incomodava com a vontade da filha de jogar futebol. "A Pretinha queria jogar e, por isso, nunca a desestimulei, pelo contrário, ia com ela para vê-la atuar", revelou. Nervoso, ele assistiu ao jogo em um quarto separado da família, mas fazia visitas constantes à sala.

Perseverança sempre foi uma das qualidades de Pretinha, contou seu irmão Célio Gonçalves, de 29 anos. Segundo ele, até mesmo a recente perda da vaga no time titular da seleção não a abateu. Na ocasião, ela disse que se esforçando reconquistaria a posição. Tanto que conseguiu.

Selma Gonçalves, de 31 anos, uma das irmãs mais empolgadas, não descartou a possibilidade de Pretinha ser negociada com algum clube do exterior após os Jogos Olímpicos.

Todos os familiares são interessados em futebol, tanto que havia gente sentada no chão para assistir o jogo. Em certo momento, a mãe de Pretinha pediu que Sissi, a estrela da equipe brasileira, fosse substituída. "Ela não está jogando bem, mas duvido que tirem ela", alfinetou.

Enquanto Pretinha mora no centro do Rio, seus pais optaram por permanecer em Senador Camará, local onde nasceu a jogadora. Segundo Ana, foi com os salários da atacante que eles reformaram a casa, de seis cômodos. A mãe de Pretinha não esqueceu de agradecer. "Ela sempre nos ajudou; não posso exigir mais nada da minha filha", disse Ana.

Profissionalmente, Pretinha começou atuando pela seleção de Nova Iguaçu e depois teve seu passe vendido para o Radar-RJ, chegando à seleção brasileira, em 1991. Com a camisa do Brasil, seus principais títulos são a conquista do 4º lugar na Olimpíada de Atlanta (1996), o 3º lugar no Mundial dos EUA (1999) e o bicampeonato sul-americano (1995/98).

Atualmente, ela é atleta do Vasco, clube pelo qual conquistou os títulos de campeã brasileira de 1998 e pentacampeã carioca (1996/2000).

Agência Estado

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