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Thorpe, do nada à fama
Quinta-feira, 14 Setembro de 2000, 20h00

Sydney - O fenômeno australiano Ian Thorpe nem bem surgiu para a natação internacional ganhou fama ao fulminar os recordes mundiais dos 200 m (1min46s00) e dos 400 m (3min41s33) livres. Vai entrar no Centro Aquático de Sydney como a estrela principal da natação.

Thorpe é considerado um dos maiores nadadores da atualidade, aos 17 anos (completa 18 dia 13 de outubro) é estreante em Olimpíada. O Torpedo, ou Thorpey, como os australianos o apelidaram, tem tudo para deixar os Jogos Olímpicos consagrado, com quatro medalhas, duas individuais, nas suas especialidades, e outras duas com os revezamentos 4x100 m e 4x200 m, sempre no estilo livre.

Isso tudo em uma carreira que está apenas começando - já anunciou que pretende nadar até 2008. Nem a atenção mundial e o tratamento de estrela parecem abalar a confiança do nadador, apesar da juventude. "Eu olho toda essa expectativa e pressão que põem sobre mim e percebo que isso me ajuda mais que qualquer coisa", afirma. "Sei que a pressão pode me levar a uma nível ainda maior”.

Quando está no bloco de saída pensa na preparação que fez e se estiver consciente de que foi boa, nada a prova sem nenhuma pressão. A Olimpíada é especial, mas não deve abalar a confiança de ninguém na concepção desse jovem de 1m98, uma sombra no caminho dos rivais. "É a mesma água, os mesmos competidores..."

Os especialistas tentam explicar a técnica de Ian Thorpe na água. O departamento de biomecânica do Instituto Australiano de Esportes (IAE), onde a natação do Brasil fez sua aclimatação, em Canberra, detectou que Thorpe tem pés grandes - são 33 centímetros do calcanhar até o dedão (usa sapato número 50). Isso, mais a flexibilidade que tem nesse pé grande, poderia, em parte, explicar o sucesso de Thorpe na água. O movimento dos pés ajuda a impulsionar e a manter o corpo do nadador em cima da água. As pesquisas dos cientistas do IAE ainda indicam que o fenômeno tem a excepcional envergadura de 1m90 (de mão a mão) e uma quantidade baixa de gordura, cerca de 7%, que fica abaixo do que é considerado normal para os garotos da mesma idade.

A explicação simples vem de um nadador, o sul-africano Ryk Meethlling, que tem o terceiro melhor tempo dos últimos 12 meses, de 3min46s02, e, provavelmente, estará na final ao lado de Grant Hackett, também australiano, que tem o segundo melhor tempo, de 3min46s02, um abismo em relação a Thorpe e seu recorde (3min41s33). Ryk comparou Thorpe a uma máquina de lavar dentro do mar - uma referência de quem nada atrás do australiano. "É um inferno porque a turbulência é muito grande, além do normal”.

Thorpe afirma que sempre recebeu estímulo e apoio, do técnico Doug Frost e da família, para ser o garoto-prodígio da natação, um jovem que joga golfe, gosta de música e computador, vai ao cinema e ao shopping e tem ídolos como o nadador Kieren Perkins, o ex-nadador Mark Spitz, o corredor e saltador Carl Lewis e o símbolo do basquete em todo o mundo, Michael Jordan.

Depois dos 400 metros e do revezamento 4x100 m, na madrugada deste sábado, Ian voltará à piscina do Centro Aquático para nadar a série eliminatória e a semifinal dos 200 m livres, na madrugada de domingo, e a final - ninguém duvida disso - na madrugada da segunda-feira (horário de Brasília). O revezamento 4x200 metros livres será na terça-feira.

Agência Estado

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