Sydney - A festa dos nadadores brasileiros pela medalha de bronze na prova de revezamento 4 x 100, conquistada neste sábado, foi maior até que a dos australianos, que conquistaram o ouro, batendo os Estados Unidos - derrotados nesta prova pela primeira vez, desde 1964. Gustavo Borges, Fernando Scherer, o "Xuxa", Carlos Jayme e Edvaldo "Bala" Valério, pareciam mais felizes que o quarteto australiano, medalha de ouro.
Gustavo Borges tinha motivos de sobra para comemorar. Afinal, entrou para a história como o atleta brasileiro que mais conquistou medalhas olímpicas. Agora já tem quatro: 2 de prata, 2 de bronze. "Agora eu quero ver o Thorpe me pegar", dizia ele, em tom de brincadeira, referindo-se ao nadador australiano, que só neste sábado, ganhou duas medalhas. Foi de Gustavo a melhor passagem da equipe brasileira. A alegria do experiente nadador era tanta que ele até admitiu competir nos 100 metros, prova que tinha desistido de participar. "Essa piscina é mágica", dizia ele.
A festa promovida pelos nadadores no Parque Aquático de Sydney, começou ao final da prova e só terminou depois que praticamente todo o público já tinha ido embora. Os "novatos" Edvaldo Valério e Carlos Jayme agradeciam a força que receberam de Gustavo Borges e Xuxa. Os "veteranos" Gustavo e Xuxa enalteciam o talento dos dois primeiros. Os quatro, juntos, elogiavam os treinadores.
Fernando Scherer, que esteve ameaçado de não participar da Olimpíada em razão de uma contusão no tornozelo, disse que se sentia aliviado. "Quando me contundi e achei que não poderia vir, eu chorei muito. Quando me recuperei e descobri que dava para estar aqui, eu chorei também. Agora que eu estou aqui, com uma medalha no peito, posso chorar a vontade", disse ele.
Logo depois da prova, Carlos Jayme falou com o pai, que também se chama Carlos e chorou muito. "Eu devo tudo ao senhor, pai", dizia ele ao telefone. "Eu devo tudo ao senhor", repetia. Mais tarde, um pouco menos emocionado, explicava. "Olha gente. Não dá pra descrever o que sinto no meu peito", gritava ele.
O baiano Edvaldo Valério era um dos mais festejados. Primeiro negro a representar o Brasil na natação, Bala dizia estar vivendo um sonho. "Essa força que todos aqui deram para mim, um dia tinha de explodir. Explodiu agora, graças a Deus", dizia ele, que fechou o revezamento de forma brilhante. Quando caiu na água, a equipe brasileira estava em quinto lugar. Conhecido no meio como "Bala", justificou plenamente o apelido. Na eliminatória da manhã foi o mais rápido, levando o técnico Reinaldo Dias a colocá-lo para o fechar o revezamento da grande finalíssima - uma das mais clássicas provas da natação.