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Sertão quer "mandar bala" no turco
Quinta-feira, 21 Setembro de 2000, 13h08

Sydney - Com seu jeito despachado, o boxeador Valdemir dos Santos Pereira, o Sertão, promete "mandar bala" no seu adversário, o turco Ramazan Palyani, na sua segunda luta dos pesos pena da Olimpíada de Sydney. "Consegui vencer uma luta, agora faltam quatro para botar uma “medainha” no peito e ganhar um dinheirinho para fazer minha barraquinha lá na minha terra, em Cruz das Almas", calcula o boxeador, que mora no interior da Bahia. A luta será às 23 horas desta sexta-feira.

Sertão diz conhecer pouco seu adversário, atual campeão europeu e medalha de bronze na Olimpíada de Barcelona. Prefere resolver suas coisas no ringue. "Cheguei a dar uma olhada na luta dele mas desisti, não gosto", diz. "Esse negócio de ver homem não é comigo, se é para olhar, bom mesmo é mulher", diz o boxeador, que confessa estar com saudades da sua esposa, que está em Cruz das Almas, e do frango cozido, com feijão e farinha, que ela prepara.

Os treinamentos, conta Sertão, são feitos três vezes por dia ao som de reggae do cantor baiano Edson Gomes. "Gosto principalmente daquela música que diz: Vamos amigos, lute é para não perder a liberdade que você conquistou", afirmou o pugilista. "Dá um ânimo a mais para entrar no ringue”.

Dificuldade para o pugilista brasileiro, somente a saudade dos amigos da equipe de boxe que estavam em Sydney mas já voltaram para o Brasil, após a desclassificação dos Jogos. "Também ando meio sem sono à noite, mas isso não tem me atrapalhado", diz Sertão. Para os momentos que antecederem a luta, o pugilista reservará seu ritual: uma Bíblia na mão, uma imagem de Nossa Senhora Aparecida e "o Deus". Depois da Olimpíada, o futuro é incerto. Sertão não sabe se irá se profissionalizar. "Só Deus sabe."

Sertão não avaliou os adversários, mas o chefe da equipe de boxe, Luiz Carlos Boselli, aproveitou os dias de folga para observar as lutas das mais diferentes categorias e chegou a uma conclusão. "A maioria dos vencedores das lutas está pontuando bastante nos primeiros rounds para depois ir administrando o combate", afirma. "Quem tenta administrar o adversário desde o começo está correndo o risco de sofrer um ataque e perder a luta no final", concluiu.

Agência Estado

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