Gold Coast - O descontrole emocional e a ansiedade da equipe do Brasil durante a disputa do torneio olímpico de futebol podem pôr em cheque a eficiência do trabalho da psicóloga Suzy Fleury na comissão técnica da seleção. Muito abatida com a derrota para Camarões, nas circunstâncias em que ocorreu, Suzy preferiu evitar o contato com os jornalistas neste domingo.
Disse-lhes apenas uma frase de efeito: "O meu sentimento é o mesmo daquela pessoa que vê sua família morrer num desastre; não dá para falar nada."
A psicóloga conviveu com o grupo desde a chegada à Austrália, no final de agosto, participou de encontros com os jogadores e esteve sempre muita próxima de cada um deles. Várias vezes, deixou claro que os atletas estavam somente voltados para a conquista da medalha de ouro, não se deixando influenciar por nenhuma outra questão. Negou que as denúncias sistemáticas contra o técnico Wanderley Luxemburgo no Brasil, a respeito de seu suposto envolvimento em crime de sonegação fiscal e de falsificação de documentos, pudessem prejudicar o rendimento da equipe.
Foi dela, inclusive, a idéia de homenageá-lo com uma faixa de boas-vindas, em Gold Coast, assim que o treinador chegou à cidade, dois dias depois de comandar a seleção principal no Maracanã, em jogo com a Bolívia. Suzy gostava de ressaltar o equilíbrio da seleção olímpica no aspecto emocional. Alguns jogadores, de forma indireta, fizeram neste domingo comentários sobre o excesso de nervosismo da equipe. Não conseguiram, assim como Suzy, uma explicação para a forma como se apresentaram na partida contra Camarões.
O meia Roger ainda parecia muito chateado com a atitude do zagueiro Lúcio, que o agrediu em campo, após um lance normal de jogo. "Ele estava com o emocional bastante alterado", observou o atleta do Fluminense.