Sydney - A campeã dos 100 metros rasos, a norte-americana Marion Jones, volta hoje ao Estádio Olímpico. Ela participa da primeira etapa dos 200 metros rasos e da qualificação do salto em distância, as duas provas individuais em que pretende lutar pela medalha de ouro, seguindo no objetivo ambicioso de conseguir cinco títulos olímpicos - vai competir ainda nos revezamentos 4 x 100 e 4 x 400 metros rasos.
O desafio de Marion passou a ser maior desde ontem, quando a Federação Internacional de Atletismo (IAAF) confirmou oficialmente o doping de seu marido, o campeão mundial do arremesso do peso C. J. Hunter.
O atleta teve antidoping positivo no Meeting Internacional de Oslo, na Noruega, e, por isso, nem foi inscrito na Olimpíada de Sydney pela delegação dos Estados Unidos. Antes do anúncio oficial da IAAF, feito pelo secretário-geral, o húngaro Istvan Gyulai, a primeira alegação para a não inscrição do atleta foi uma contusão no joelho.
O doping de uma pessoa tão próxima põe em dúvida a lisura da preparação de Marion Jones, considerada uma das atletas mais talentosas do circuito internacional de atletismo, que está se arriscando numa das missões mais ousadas do esporte ao tentar a conquista de cinco medalhas de ouro em Sydney.
A substância encontrada no controle de drogas de Hunter é a nandrolona, um dos esteróides anabolizantes mais utilizados no esporte. A quantidade não foi revelada pela IAAF, mas, segundo informações não oficiais, o exame não deixa nenhuma dúvida quanto ao resultado positivo.
O maior ganhador de medalhas de ouro no atletismo numa única edição da Olimpíada foi o finlandês Paarvo Nurmi, com cinco primeiros lugares nos Jogos de Paris, em 1924.
Depois disso, os norte-americanos Jesse Owens e Carl Lewis conseguiram quatro ouros em Berlim, em 1936, e em Los Angeles, em 1984, respectivamente. Para Lewis, a decisão de Marion de tentar as cinco medalhas de ouro é ambiciosa ao extremo. "No atual estágio do esporte, é um risco enorme", definiu.