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Luxemburgo recusa ‘passeio’ de camburão
Quarta-feira, 27 Setembro de 2000, 00h13

São Paulo - Cercado por seguranças, com os olhos vermelhos e pálido. Assim Wanderley Luxemburgo desembarcou no aeroporto de Cumbica, nesta terça-feira, após a trágica participação da seleção na Olimpíada. Todos queriam saber se ele continuaria como técnico do Brasil. A resposta, positiva, não foi ouvida por quase ninguém. Sua voz se perdia no meio do coro de "burro", que boa parte da torcida gritava. "Fora Luxemburgo", pediam os torcedores.

O técnico parecia com medo, diferente daquele Luxemburgo que sempre esbanjou confiança e exigiu respeito. Muitos torcedores que o viram passar, encolhido no meio de uma multidão, admitiram ter mais pena do que raiva do técnico.

Além dos seis seguranças, chamados especialmente para lhe dar proteção contra os mais exaltados, estavam à sua espera a mulher, Josefa, a filha Vanessa e o advogado Júlio Leitão, sócio de Michel Assef. "Vim ao aeroporto para receber o Luxemburgo e deixá-lo por dentro de tudo o que está acontecendo, afinal, ele estava fora do Brasil há mais de 20 dias", explicou Leitão.

Embora garanta que vai permanecer na seleção, Luxemburgo parece saber que seus dias estão contados. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) dá sinais de que não irá suportar a pressão e, logo, deverá anunciar sua demissão. Nesse caso, seus últimos momentos não poderiam ser mais melancólicos. Teve de deixar o aeroporto sob forte proteção. Quase parou num camburão da polícia, pois parecia impossível entrar em seu carro. "Não, pelo amor de Deus, no camburão de polícia eu não vou", suplicou. Os seguranças conseguiram colocá-lo dentro do Audi de um amigo, que o levou para casa.

O retorno de Luxemburgo ao Brasil também teve momentos cômicos. Cerca de 80 pessoas - crianças, senhoras e alguns homens - levaram a Cumbica faixas de incentivo ao treinador e gritaram seu nome: "Luxemburgo, te amamos." A organizadora da "festa’’ foi Alzira Scarlucci, produtora de shows. "Resolvemos incentivá-lo porque o Wanderley tem mérito e foi crucificado por muito pouco." Alzira ficou revoltada quando falaram que tudo aquilo fora "encomendado’’ e garantiu que os que lá estavam eram apenas fãs do treinador. Quando reuniu as crianças que estavam no aeroporto, porém, ela disse: "Se alguém perguntar qual a nossa relação com o Luxemburgo, digam que somos amigos."

Agência Estado

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