Sydney - Empolgada com a vitória por 3 a 0 em cima da Alemanha, que garantiu uma vaga na semifinal dos Jogos de Sydney, contra Cuba, e ao lembrar das agressões das rivais em Atlanta, em 1996, a atacante Virna deu uma declaração impensada à televisão: "Agora vamos pegar as cubanas, aquelas negas, e vamos ganhar delas."
O advogado criminalista Iberê Bandeira de Mello, ex-coordenador da comissão dos direitos humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), acredita que a jogadora não foi racista. "Nega é uma expressão popular, sendo muitas vezes usada de forma carinhosa", explica. "No fim do jogo, feliz com a vitória, Virna acabou sendo infeliz com o comentário, mas não cometeu crime de racismo, pois não se referiu diretamente a uma pessoa e sim à seleção cubana."
Para Sueli Carneiro, coordenadora executiva do Programa dos Direitos Humanos da Geledes, Instituto da Mulher Negra - ONG que combate a discriminação racial e sexual -, no entanto, tal atitude mostra a desinformação da atleta sobre a cultura do país e reflete o pensamento de muitas pessoas da sociedade. Sueli classifica as palavras da atacante como preconceituosas e alerta as autoridades para erradicarem esse tipo de comportamento, combatento o racismo. "Metade da população do Brasil é negra e ela mesma tem traços de não branca", declarou. "Virna está representando o País num evento em que o objetivo principal é a união dos povos e raças." Em seguida, lembrou que os anéis olímpicos representam os cinco continentes.