Sydney - Para ter chance contra as australianas na semifinal, a seleção brasileira feminina de basquete precisará repetir a mesma frieza com que jogou com a Rússia, sem perder o equilíbrio emocional e brigando pelo resultado até o fim. "O time tem de ser quente quando a bola estiver na mão do adversário e frio quando estiver na sua mão", ressalta o técnico Antônio Carlos Barbosa. A seleção brasileira feminina de basquete renasceu para o torneio olímpico e para a disputa de medalha nos Jogos de Sydney.
O time fez o que parecia impossível depois de perder três jogos - contra Austrália, França e Canadá - na fase de classificação. As meninas do Brasil não desistiram nunca, até o segundo final, para derrotar a Rússia em uma partida equilibradíssima, por 68 a 67 (39 a 38), e passar pelas quartas-de-finais.
Um novo e enorme desafio espera pelas brasileiras nas semifinais, no mesmo moderníssimo ginásio do Superdome, para 20 mil pessoas. O adversário será a Austrália, as Opalas como são tratadas as jogadoras da casa (uma referência à pedra preciosa mais encontrada no país). O jogo está previsto para sexta-feira, no horário da meia noite e meia (horário de Brasília).
As “aussies”, apelido que a torcida australiana usa para gritar por seus times, conseguiram vaga na semifinal ao derrotar a Polônia por 76 a 48. A Coréia do Sul foi a outra surpresa da semifinal, ao vencer a França, que era considerada favorita, por 68 a 59. Os Estados Unidos derrotaram a Eslováquia por 58 a 43. Coréia e Estados Unidos fazem a outra semifinal. Os ganhadores vão disputar a medalha de ouro e os perdedores a de bronze, no sábado.
As estatísticas apenas comprovam o favoritismo do rival. O Brasil não cruzou com a Austrália no Mundial de 1994, quando foi campeão, nem na Olimpíada de Atlanta, em 1996, quando ficou com a medalha de prata, nas duas vezes com Paula e Hortência. Quando enfrentou a Austrália no Mundial da Alemanha, em 1998, o Brasil perdeu a medalha de bronze, com um time que ainda tinha Paula.
A Austrália é, de fato, uma equipe muito forte, formada por 12 jogadoras que se revezam sempre, sem perda do nível técnico. A ala Lauren Jackson é a mais importante da equipe, que joga com intensidade, forçando o adversário a correr e a cansar. "O favoritismo é da Austrália, não tenho dúvida, mas vamos fazer o possível para tentar ganhar”. Barbosa disse que a seleção nunca deixou de acreditar que poderia vencer, apesar das derrotas para a Austrália, a França e o Canadá.
"Perdemos dois jogos que estavam na nossa mão e contra a Austrália jogamos 8 minutos muito mal e não conseguimos mais encostar”. Janeth acha que da vitória ficou a lição que o Brasil vai ter de jogar novamente buscando a superação contra a Austrália, exatamente como fez contra a Rússia. A campanha da Austrália mostra, por si só, que o time está muito bem desde o início do torneio olímpico - venceu França, Brasil (81 a 70), Eslováquia, Canadá e Senegal, antes da derrotar a Polônia nas quartas-de-final.
"Mas a Rússia também era candidata à medalha de ouro e a nossa superação, a vontade de vencer, acabaram prevalecendo", frisa Janeth. O Brasil, na fase de classificação só venceu a Eslováquia e o Senegal, mas teve o mérito de não perder o jogo decisivo, contra a favoritíssima Rússia.
"Nosso retrospecto não é muito bom, mas a partir do momento em que você está em uma Olimpíada e vê resultados com placares tão pequenos não dá para dizer qual equipe é a melhor", acentua Janeth. "As norte-americanas têm um pouco mais de vantagem, mas vamos jogar de igual para igual - se conseguimos vencer a Rússia porque não a Austrália”?