Sydney - A meio-campista Sissi, de 33 anos, disse nesta quinta-feira que não deverá mais vestir a camisa 10 da seleção brasileira de futebol. A capitã do time chorou de raiva após a perda da medalha de bronze para a Alemanha e afirmou ter perdido a vontade de vestir a camisa 10 amarela.
As lágrimas foram um desabafo contra a situação vivida pelas jogadoras nos últimos meses. A crise interna desgastou todo o grupo e prejudicou a luta da seleção por uma medalha. Nesta quinta-feira, o time jogou mal e quase não chegou ao gol de Silke Rottenberg.
Para complicar a situação, Sissi atuou machucada. Ela diz ter uma lesão de 10 centímetros no músculo adutor da coxa esquerda. A contusão aconteceu no jogo contra a Suécia, dia 13 de setembro, e foi diagnosticada num exame de ressonância magnética. Por opção própria, Sissi jogou contra Alemanha, Austrália, Estados Unidos e nesta quinta-feira novamente contra a Alemanha, na decisão do bronze. Com a contusão agravada, a meio-campista agora diz que o sacrifício não valeu a pena.
"Pediram para a gente não comentar nada, mas a revolta com tudo o que aconteceu é total", disse. "Eu tinha certeza que todos os problemas viriam à tona porque havia muita coisa engasgada em nossas gargantas", afirmou.
A perda da medalha de bronze pode complicar o acerto de jogadoras brasileiras com uma liga de futebol que está sendo criada nos Estados Unidos. Num modelo parecido com o da WNBA, do basquete, os americanos pretendem contratar jogadoras de vários países e distribuí-las entre os clubes participantes do torneio, com duração de seis meses, entre março e setembro. Sissi, que ganha R$ 3 mil mensais no Vasco, foi convidada e aceitou.
Outras atletas convidadas foram as atacantes Kátia Cilene, Pretinha e Roseli e a goleira Andréia. As jogadoras estão torcendo para que a perda da medalha de bronze não as desvalorize no mercado americano. O Brasil tem atualmente apenas três clubes fortes no futebol feminino - o Vasco, o São Paulo e a Lusa Sant´Anna.