Sydney - A três dias do fim da Olimpíada de Sydney, o Brasil está muito longe de conseguir melhorar a campanha obtida nos Jogos de Atlanta, em 1996, quando obteve 15 medalhas -3 de ouro, 3 de prata e 9 de bronze. Na Austrália, em duas semanas de competições, a delegação brasileira conseguiu apenas sete medalhas -quatro de prata e três de bronze. Mesmo com oportunidade de conquista do tão esperado ouro no iatismo e no hipismo, a sensação de decepção já é grande.
A última conquista do País foi obtida nesta quinta-feira pela equipe de hipismo, que terminou em terceiro lugar na prova de saltos, disputada no Horseley Park. Mesmo com uma medalha a mais na classificação geral, o Brasil caiu da 41.ª para a 44.ª colocação.
Se o hipismo conseguiu um lugar no pódio, duas esperanças de ouro terminaram no mesmo dia, com o sexto lugar do velocista Claudinei Quirino nos 200 metros rasos e com a derrota da seleção feminina de vôlei para Cuba por 3 a 2, nas semifinais. Já a seleção feminina de futebol perdeu na disputa do bronze para a Alemanha.
De uma maneira geral, o esporte brasileiro não evoluiu. Ao contrário, equipes e atletas mostraram velhos problemas emocionais e deixaram escapar oportunidades importantes de consagração. Os casos mais evidentes foram os das duplas de vôlei de praia, favoritas absolutas à conquista do ouro e que não chegaram ao degrau mais alto do pódio. Adriana Behar e Shelda, tricampeãs e líderes mundiais, ficaram com a prata. No masculino, os favoritos Emanuel e Loiola foram eliminados antes de brigar por medalhas. Zé Marco e Ricardo, a dupla número dois no ranking mundial, também perderam a luta pelo ouro, terminando em segundo lugar na Olimpíada.
A falta de revelação de valores também ficou evidente na Olimpíada de Sydney. A natação, por exemplo, teve de conformar-se com apenas uma medalha de bronze no revezamento 4 x 100 metros, livre. Em Atlanta, a modalidade obteve três medalhas (uma de prata e duas de bronze). O torneio de natação, aliás, foi o esporte que mais evoluiu, com a quebra de 13 recordes mundiais e de 22 marcas olímpicas. O Brasil não seguiu o crescimento, apesar de a grande maioria dos nadadores treinar nos Estados Unidos.
As decepções só não foram maior do que a causada pela seleção brasileira de futebol, dirigida por Wanderley Luxemburgo. O time, que nunca ganhou uma medalha de ouro, foi eliminado nas quartas-de-final por Camarões por 2 a 1, na morte súbita. Outras medalhas esperadas eram no tênis, com Gustavo Kuerten, e no vôlei masculino, que, assim como o futebol, deixou a Olimpíada nas quartas-de-final.
A campanha brasileira em Sydney deverá ser motivo de discussão. Afinal, além da revelação de valores, falta uma política de orientação esportiva e dinheiro. Se não faltou verba para a preparação das equipes este ano, o mesmo não se pode dizer dos anos anteriores. A Confederação Brasileira de Atletismo, por exemplo, quase foi à falência no ano passado, quando a Eletrobrás foi privatizada e não renovou o contrato de patrocínio com a entidade. Os programas de apoio aos atletas tiveram de ser suspensos.
O quarto lugar na classificação geral dos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, no ano passado, no Canadá, também criou uma expectativa exagerada por bons resultados em Sydney. Como o esperado, porém, ficou comprovado que vitórias no torneio pan-americano têm pouco significado à mundial.