Sydney - O velocista Claudinei Quirino, vice-campeão mundial do ano passado em Sevilha, finalmente respirou aliviado nesta quinta-feira, depois de terminar em sexto lugar nos 200 metros rasos da Olimpíada de Sydney, com o tempo de 20s28. Embora não tenha conseguido a sonhada medalha, o velocista paulista, de 29 anos, não escondeu de ninguém a alegria por não ter mais de enfrentar a pressão e as cobranças por resultados numa prova individual.
"Os rótulos me incomodam muito", diz o atleta, que ganhou quatro medalhas no Pan-Americano de Winnipeg. "Ficam me chamando de herói, de favorito, e eu prefiro ser tratado apenas como Claudinei, um brasileiro comum”. Claudinei garante não ter ficado decepcionado com sua atuação, apesar de esperar melhorar suas marcas no ano que vem.
O atleta, desde que começou a disputar competições de alto nível, em 1993, não consegue ir bem dois anos seguidos. "Parece que só consigo ir bem em anos ímpares", comenta o velocista, quinto colocado no Mundial de Gotemburgo, em 1995; bronze no Mundial de Atenas, em 1997; e prata no Mundial de Sevilha, no ano passado, quando conseguiu também o título de campeão do circuito Grand Prix. "Nos anos pares, não consigo andar direito”.
Por causa desta intenção, Claudinei está cheio de planos para 2001. Pretende conquistar o título do Mundial de Edmonton, no Canadá, e lutar pelo bicampeonato no Grand Prix. "Vou passar uns seis meses na Europa", diz o atleta, que lamentou não ter conseguido boas largadas na Olimpíada. "Vou treinar mais ainda para corrigir as falhas que ainda apresento”.
Na volta ao Brasil, o corredor pretende tirar uns três meses de férias e, finalmente, conhecer a sua casa nova. "Fiquei só três dias lá e não parei mais de viajar", observa. "Acho que nem mais a minha cachorra vai se lembrar de mim”.
Quanto ao seu desempenho, Claudinei, que ainda vai correr o revezamento 4 x 100 metros rasos, disse nunca ter competido antes contra o grego Konstatinos Kenteris, uma das maiores surpresas da Olimpíada, vencedor dos 200 metros, com o tempo de 20s09. "Participei de quase todo o circuito este ano e nunca vi este camarada", comenta. "De onde ele apareceu?
Kenteris, de 27 anos, não tinha títulos importantes. Segundo ele, para competir em Sydney precisou superar diversas contusões nos últimos quatro anos. "Fui sexto colocado no Mundial Indoor de 1993 e depois saí de cena por causa de problemas nas minhas duas pernas", lembra. "Os médicos não encontravam uma solução e só agora, com muita fisioterapia, pude voltar a competir”.
O inglês Darren Campbell conquistou a medalha de prata, com 20s14, enquanto Ato Boldon, de Trinidad e Tobago, um dos maiores favoritos à vitória, terminou com o bronze, com 20s20.
A saltadora Maurren Higa Maggi deverá ficar pelo menos quatro semanas sem treinar ou competir. A atleta sofreu uma lesão num músculo da coxa direita quando fazia a sua terceira tentativa na prova de qualificação do salto em distância, na Quarta-feira. O exame de ressonância magnética confirmou uma ruptura de 6 milímetros no músculo. "Ela terá de fazer repouso absoluto nos primeiros dias", diz o médico-chefe do Comitê Olímpico Brasileiro, João Grangeiro. "Até para andar na Vila terá de usar muletas."