Sydney - A atuação decisiva na conquista da medalha de bronze olímpica na competição por equipes do hipismo de saltos faz do cavaleiro Rodrigo Pessoa mais favorito do que nunca à medalha de ouro na prova individual da modalidade nos Jogos de Sydney. O ginete deverá ser o último a saltar nas duas passagens na pista do Parque Horsley neste domingo em Sydney (sábado à noite no Brasil), privilégio reservado ao melhor conjunto da fase de classificação.
Na quinta-feira, Rodrigo fez uma apresentação impecável na Copa das Nações, que definiu o país campeão do hipismo de saltos na Olimpíada. O cavaleiro, que montou Baloubet du Rouet, esteve sob pressão todo o tempo. Foi o único brasileiro que "zerou a pista", ou seja, não cometeu erros, ao saltar nos três percursos da competição, dois da fase de classificação, e o último do desempate contra a França.
Na última passagem, contra os franceses, os conjuntos brasileiros se superaram. Em uma competição emocionante, na qual a França competiu com três representantes porque o cavalo Caucalis foi reprovado no exame médico, Doda foi punido com 12 pontos, mas Felipinho, André e Rodrigo zeraram a pista e o hipismo brasileiro conquistou a segunda medalha de bronze da sua história, repetindo o desempenho dos Jogos de Atlanta. A Alemanha ficou com a medalha de ouro e a Suíça com a de prata.
"São vitórias como essa que valorizam a conquista de uma medalha", disse Rodrigo, após a vitória no desempate, que contou com a torcida do tenista Gustavo Kuerten e dos ginetes do Concurso Completo de Equitação (CCE). O resultado deixou o cavaleiro, conhecido por seu jeito comedido, eufórico. O ginete diz que, por causa do esforço da passagem por três percursos na quinta-feira, Baloubet será submetido a treinos leves até a decisão de domingo.
Doda era um dos mais emocionados com o bronze. Foi a despedida de seu cavalo, Aspen, das competições oficiais. A montaria enfrentou problemas na pata na semana que antecedeu a prova por equipes. "Ele entrou com apenas 50% de suas condições e fizemos tudo o que foi possível", explicou o cavaleiro. "A primeira passagem foi boa, mas na segunda o cavalo, que tem uma idade avançada, já estava bastante cansado e não teve o mesmo desempenho”.
Para Felipinho, "a sorte que faltou na disputa do ouro, sobrou na disputa do desempate do bronze". Animado com o sexto lugar entre os conjuntos que participaram dos dois dias de provas no Parque Horsley, o cavaleiro não promete vitória na competição individual. "Mas posso garantir a mesma garra”. André disse que sua maior satisfação foi ter conseguido zerar a pista no desempate. "Acabei dando a volta por cima depois dos 16 pontos na passagem da tarde", completou o cavaleiro.
Para ele, o mau desempenho naquela ocasião foi conseqüência do desgaste. "No desempate ele estava mais descansado e teve uma boa performance”.
O técnico da equipe brasileira, Nelson Pessoa Filho, estava extremamente satisfeito com a conquista da medalha de bronze por equipe nos Jogos de Sydney, mas aproveitou para reclamar da falta de apoio financeiro para o hipismo brasileiro. O técnico cita como exemplo o problema que teve para garantir a viagem de Baloubet du Rouet e Ralph para Sydney. Neco não se conforma com o fato de que Diogo Coutinho, dono dos cavalos, tenha tido de pagar do próprio bolso US$ 150 mil do seguro dos animais porque a Confederação Brasileira de Hipismo (CBH) e o Comitê Olímpico Brasileiro não deram o dinheiro.
Segundo o chefe de missão do COB, Marcus Vinícius Freire, o seguro não pôde ser pago pela entidade por uma questão burocrática. Ele explica que somente dois dias antes dos cavalos viajarem para cumprir a quarentena obrigatória para a competição olímpica o COB foi informado da necessidade de fazer uma apólice de seguro e não havia tempo hábil para conseguir o dinheiro por meio do Instituto Nacional de Desenvolvimento do Desporto (Indesp)porque a liberação do dinheiro depende de um processo burocrático.
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