Sydney - Assim que terminou a prova do revezamento 4 x 100 metros, em que garantiu a sexta medalha de prata para o Brasil nos Jogos de Sydney, o velocista Claudinei Quirino não quis comemorar. Preferiu fazer um apelo ao presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso. "Eu nem sei se ele vai me ouvir, mas eu tenho de pedir. Eu quero apenas uma pista adequada para que eu e meus companheiros possamos treinar", disse o atleta.
Enrolado na bandeira do Brasil e segurando a bandeira da cidade de Presidente Prudente (SP), onde mora e treina, Claudinei disse não saber explicar o desempenho do quarteto brasileiro - que marcou 37s90 e quebrou o recorde sul-americano da modalidade. "Nas condições em que os atletas brasileiros são formados, só mesmo um milagre explica esse resultado", disse ele.
Em tom de provocação, jornalistas brasileiros perguntaram a Claudinei quando é que ele iria conseguir superar Maurice Greene - ouro nos 100 metros e no revezamento 4 x 100 - que estava a menos de um metro dele, também concedendo entrevistas. O brasileiro olhou para Greene e foi taxativo. "Essa pergunta vocês deveriam fazer para os dirigentes e políticos do Brasil. Nós não temos uma política para o esporte", disse.
Ainda no estádio Olímpico de Sydney, a assessoria do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) anunciou a liberação de uma verba de R$ 280 mil para obras de recuperação da pista de Prudente, a ser feita pelo Indesp - o Instituto Nacional para Desenvolvimento do Desporto. Feito o apelo, Claudinei disse estar "muito feliz" pela marca obtida hoje. "Essa vai ser a melhor lembrança da minha vida", assegurou ele, que deverá viajar de volta para o Brasil neste domingo.
Claudinei disse que não tem planos imediatos. "A única coisa que eu quero agora é comprar uma mala e um cadeado e voltar para minha casa. Mais tarde, vou disputar os Jogos Abertos do Interior", disse. Ele só não explicou os significados da mala e do cadeado.