São Paulo - O treinador Wanderley Luxemburgo foi demitido da seleção brasileira por conta dos resultados negativos, mas o empurrão para o abismo foi dado por sua suposta ex-secretária, Renata Carla Moura Alves, que decidiu fazer denúncias contra ele e sujar seu nome.
As mais sérias envolvem Luxemburgo em crime de sonegação fiscal, ganho de dinheiro na negociação de jogadores e até mesmo uso e tráfico de drogas. A defesa, encabeçada pelo advogado Michel Assef, rebate, argumentando que a denunciante não tem como provar o que diz.
No dia 3 de setembro, data em que Luxemburgo embarcou para a Austrália e dirigiu a seleção principal pela última vez, na vitória por 5 a 0 sobre a Bolívia, no Maracanã, uma nova denúncia. Dessa vez, o treinador foi acusado de falsidade ideológica, por suposta adulteração em seus documentos, que atestavam que o ano de seu nascimento é 1955. Luxemburgo sempre sustentou que seria de 1952.
Neste sábado, a revista Veja publica uma matéria com novas acusações contra o treinador. Veja exibe documentos provando que o treinador recebeu dinheiro do empresário Eduardo Sakamoto, representante no Brasil de clubes do Japão, e de Renato Duprat Filho, dono da Unicór, ex-parceira do Santos.
"No caso do Sakamoto, ele me pediu R$ 50 mil emprestado para abrir uma conta bancária e depois me pagou com um cheque sem fundos. Tenho o cheque até hoje comigo. Não tem nada que ver com venda de jogadores", disse Luxemburgo.
O negócio com Duprat é mais complicado. De acordo com Marcos Malucelli, advogado de Luxemburgo, Duprat teria de declarar à Receita Federal o que pagava da parte de salários de Luxemburgo quando ele era técnico do Santos, em 1997, mas sonegou.
"Ele não declarou à Receita, nem entregou a declaração de rendimentos ao Wanderley como toda firma idônea faz no final do ano. Na verdade, o Duprat deveria fazer o pagamento como pessoa jurídica e não como pessoa física, como ele fez. O Wanderley só ficou sabendo disso quando foi notificado pela Receita Federal. A Receita chegou ao Wanderley depois de fazer uma devassa fiscal na Unicór. Fomos ao Duprat e ele disse que seu contador cometera um equívoco, mas até hoje não nos enviou a declaração de rendimentos do Wanderley", explicou Malucelli.
Na terça-feira, quando chegou ao Brasil, depois da participação da seleção na Olimpíada de Sydney, foi recebido, no Aeroporto de Cumbica, em São Paulo, por um de seus advogados, Júlio Leitão, e não por amigos. "Quero colocá-lo por dentro de tudo o que está acontecendo", justificou Leitão.
Um membro da comissão técnica da seleção brasileira que preferiu não se identificar disse que o principal motivo para a demissão de Luxemburgo são os problemas particulares do treinador e não a competência profissional. "Alguns resultados neste ano foram ruins, mas as denúncias foram fundamentais para sua demissão."
Nesta segunda-feira, Luxemburgo vai prestar depoimento na Polícia Federal, no Rio, por suspeitas de falsidade ideológica.