Havana (Cuba) - O presidente de Cuba, Fidel Castro, denunciou o que qualificou de ``uma máfia asquerosa'' dos árbitros do boxe internacional que, segundo ele, ``roubaram'' medalhas de alguns pugilistas cubanos nos Jogos Olímpicos de Sydney.
Num discurso de boas vindas aos atletas cubanos que voltaram de Sydney, Castro questionou as derrotas de vários pugilistas no torneio olímpico, do qual o governo esperava sair com muitas medalhas.
``Algumas destas derrotas foram genuínas'', disse o líder cubano, mas acrescentou que ``as demais nos foram roubadas''. Seu discurso foi amplamente reproduzido na imprensa estatal cubana no sábado.
Castro disse que o boxe internacional se tornou crescentemente corrupto e denunciou o que chamou de uma propensão anticubana entre alguns juízes olímpicos, determinados a tirar de sua ilha a posição de gigante do boxe amador.
O presidente cubano, de 74 anos, conhecido como um grande fã de esportes, falou depois que a Associação Internacional de Boxe Amador (Aiba) rejeitou na sexta-feira os protestos formais de Cuba contra a derrota de seus pugilistas nos combates das quartas-de-final olímpicas.
Segundo a equipe cubana, o peso pena Yosvany Aguilera e o médio-ligeiro Juan Hernández Sierra perderam seus combates em Sydney porque os juízes não deram os pontos adequadamente.
O organismo que rege o boxe amador disse que o protesto foi rejeitado por falta de provas concretas de irregularidades.
Apesar das derrotas, Cuba terminou o sábado como a principal equipe do torneio olímpico de boxe, com quatro medalhas de ouro conquistadas pelo peso-pesado Félix Savón, o galo Guillermo Rigondeaux, o leve Mario Kindelán e o médio Jorge Gutiérrez.
Castro fez uma comparação entre os sistema esportivo respaldado pelo Estado em seu país com o que qualificou de crescente corrupção e comercialização do esporte no resto do mundo.
``Somos o único país do mundo de atletas amadores e não de atletas mercenários'', disparou.
Os atletas amadores de Cuba, como nos países do antigo bloco soviético, são selecionados, treinados e apoiados pelo Estado durante suas carreiras e constituem uma elite esportiva privilegiada e praticamente profissional.