Belo Horizonte - O técnico do Cruzeiro, Luiz Felipe Scolari, disse nesta segunda-feira, durante entrevista coletiva, que três fatores o levaram descartar a possibilidade de comandar a seleção brasileira, em substituição ao demitido Wanderley Luxemburgo.
O primeiro foi a boa adaptação de sua família em Belo Horizonte. O segundo é que ele não estaria disposto a quebrar contrato de 30 meses assinado com o clube mineiro, onde pretende desenvolver um "projeto de longo prazo". O outro seria a resistência que poderia encontrar, caso estivesse no comando da seleção.
"Eu gostaria de ajudar, sinceramente, de ser útil, mas acho que neste momento ainda 50% de jornalistas e de outras pessoas não gostariam de me ver na seleção, porque eu iria ser um empecilho para muita gente", disse, provavelmente referindo-se a exigências que faria à CBF para aceitar o cargo. Questionado sobre as razões que o levam a pensar assim, no entanto, o técnico preferiu o silêncio. "Mais que isso eu não falo", afirmou.
Em entrevista concedida ao lado de dirigentes do Cruzeiro, Scolari admitiu que não chegou a conversar diretamente, no fim de semana, com o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, a respeito de um convite para comandar a seleção. O presidente da CBF negou, nesta segunda-feira, na sede da entidade, que tivesse feito tal convite.
Segundo o técnico, porém, Teixeira ligou para o presidente do clube, José Perrella de Oliveira Costa, na noite de sábado, e pediu informações sobre a sua situação contratual e também seus números de telefone. Entendendo que seria mesmo chamado, Scolari autorizou os dirigentes a anunciar, no domingo, que ele não aceitaria e que sua intenção era permanecer no Cruzeiro. Perrella já teria, inclusive, adiantado a Teixeira a posição do técnico.
"Não conversamos e não houve convite oficial porque não interessava ao Cruzeiro a minha saída e não interessa a mim sair do Cruzeiro", explicou o treinador. "Planejei minha vida familiar, vindo com minha mulher e meus filhos para Belo Horizonte, não tenho porque mudar, estou plenamente satisfeito e orgulhoso de dirigir o Cruzeiro", ressaltou.
Scolari negou ainda informações, divulgadas por uma emissora de TV, segundo as quais teria autorizado a CBF a fazer um planejamento, para o ano que vem, incluindo seu nome em uma comissão técnica que dirigiria a seleção. O técnico do Atlético-MG, Carlos Alberto Parreira, seria seu auxiliar, de acordo com a emissora. "Não há nada disso", afirmou.
Também mostrou-se irritado com insinuações de que teria descartado a seleção por questões financeiras - pedindo aumento salarial para ficar no Cruzeiro ou cobrando valores mais altos da CBF. "Quero que a imprensa pare de ficar fazendo especulações e noticiando valores fictícios, porque amanhã ou depois eu posso agir contra muita gente", disse.
"Jamais ficaríamos no Cruzeiro exigindo valores diferentes dos que definimos há dois meses, que foram muito bons."