BH - O técnico do Cruzeiro, Luiz Felipe Scolari, não aceitou convite do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, para comandar a seleção brasileira em substituição ao demitido Wanderley Luxemburgo, segundo o Cruzeiro.
O convite havia sido feito por volta das 11h de sábado, depois da vitória do Cruzeiro, de virada, por 4 a 2, sobre o Atlético-MG, dirigido por Carlos Alberto Parreira, outro nome cotado para o cargo.
Teixeira conversou com o presidente do Cruzeiro, Zezé Perrella, e com Scolari, mas não houve acordo, segundo Perrella.
Os motivos que levaram o técnico a recusar a proposta da CBF só serão esclarecidos às 15h desta segunda-feira, em coletiva de Scolari e Perrella, na Toca da Raposa, concentração do Cruzeiro. A asessoria de imprensa do Cruzeiro adiantou, porém, que o treinador argumentou, simplesmente, que tem mais 28 meses de contrato com o clube mineiro e que nem mesmo pensou em quebrá-lo.
Scolari já havia declarado, depois da partida de sábado, que não pretendia deixar o clube mineiro. Emocionado com os apelos da torcida cruzeirense, que ao final do confronto entoou o coro "Felipão, não vá embora, não", o treinador foi taxativo. "Eu não vou", disse.
Isso não significava, porém, que já tivesse descartado um eventual convite da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Para o presidente do Cruzeiro, José Perrella de Oliveira Costa, eram, naquele momento, "grandes as chances de o técnico ser chamado".
O secretário-geral da CBF, Marco Antônio Teixeira, tio de Ricardo Teixeira, tinha estado com o dirigente do Cruzeiro durante boa parte do tempo, no Mineirão. Como não negou que Scolari seria convidado, Perrella já imaginava que isso iria ocorrer. "Caso contrário, Marco Antônio teria me tranqüilizado, mas como ele nada me disse, acho que a CBF vai mesmo chamar o treinador", afirmou o dirigente, logo depois do clássico.
Perrella assegurou, no entanto, que, em conversa mantida horas antes com Scolari, o técnico lhe garantira que permaneceria no Cruzeiro.
"Scolari me disse, literalmente: tenho um contrato de dois anos e meio com você, montamos um projeto de longo prazo e não sou de romper compromissos", afirmou o dirigente. "Ou seja, entendi que ele deixou o assunto nas minhas mãos e, desta forma, não vamos liberá-lo", acrescentou, lembrando que "seleção não é como o Exército", onde o atendimento a uma convocação é obrigatório.
Apesar disso, Perrella também se dizia disposto a buscar com Scolari e com a CBF "uma solução" que não prejudicasse o Cruzeiro, caso o convite fosse feito. A idéia era que o treinador conciliasse a seleção com os trabalhos no clube, ausentando-se só para a preparação da seleção nos jogos das Eliminatórias e amistosos. "Eu acho difícil que a CBF concorde com isso", afirmou, cerca de duas horas antes do telefonema de Teixeira.
Outra provável explicação para que o convite não tenha sido aceito é financeira. Embora não haja no contrato entre Scolari e o Cruzeiro cláusula estabelecendo multa, em caso de rescisão, o time de Minas não deixaria de recorrer à Legislação Trabalhista para ter uma reparação.
Com base no salário de Scolari, que recebe mensalmente entre R$ 300 e R$ 350 mil, e no tempo que ele ainda deveria ficar no clube, a indenização pela quebra de contrato poderia ser superior a R$ 3 milhões.