São Paulo - Levir Culpi, do São Paulo, deve ser anunciado na próxima semana como o novo técnico da seleção brasileira. Depois de receber uma resposta negativa de Luiz Felipe Scolari, do Cruzeiro, o secretário-geral da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Antônio Teixeira, entrou em contato nesta segunda-feira, por telefone, com o presidente do Tricolor, Paulo Amaral, para discutir a possibilidade de tirar o treinador do clube.
Embora admita que terá dificuldades para encontrar um técnico do mesmo nível de Levir Culpi, Paulo Amaral deu carta branca para que Marco Antônio Teixeira e seu sobrinho Ricardo Teixeira, presidente da CBF, iniciassem as negociações com o treinador. O primeiro contato deverá ocorrer nesta terça-feira. Até o momento, Levir ainda não conversou com nenhum dirigente da CBF.
São remotas as possibilidades de Levir repetir o ato de Scolari e rejeitar o convite. Ele sempre admitiu que sonha dirigir a seleção. "Não existe quem não pense em ser técnico da seleção um dia", revelou o técnico do São Paulo. "Eu me sinto preparado para trabalhar na seleção, mas não recebi nenhum convite oficial."
O treinador deverá ganhar, da CBF, o mesmo salário que tem no clube paulista: R$ 160 mil. Scolari, por exemplo, ganha o dobro no Cruzeiro, um dos fatores que o motivaram a recusar a proposta da entidade.
"Estamos estudando várias opções e conversando com presidentes de clubes para ter informações dos técnicos", comentou Ricardo Teixeira. "Vou ouvir várias pessoas para definir o novo treinador." Levir Culpi é, de longe, o favorito - tornou-se um nome de consenso na CBF nos últimos dias. Foi indicado por Zezé Perrella, presidente do Cruzeiro, que tem influência com Ricardo Teixeira, e por Elmer Guilherme, presidente da Federação Mineira de Futebol. Guilherme chefiou a delegação na Olimpíada de Sydney. "É um nome de quem gosto muito", admitiu o dirigente.
Carlos Alberto Parreira, do Atlético-MG, tem muito prestígio com Teixeira e seria o preferido para assumir o cargo. Deixou claro, no entanto, que não quer ser treinador. Aceitaria ocupar a função de coordenador-técnico. O ex-jogador Dunga pode ser confirmado como supervisor de futebol e Fábio Koff, presidente do Clube dos 13, como diretor de seleções, cargo que ainda deve ser criado.
Substituto - Antes de receber o telefonema de Marco Antônio Teixeira, Paulo Amaral já havia conversado com Levir sobre a possibilidade de perdê-lo. "Disse que era uma honra para ele e para o São Paulo que seu nome fosse lembrado para a seleção", afirmou o dirigente. Por precaução, apesar de Levir ainda estar no comando do Tricolor, a diretoria começará, nos próximos dias, a correr atrás de um nome para substituí-lo, caso ele seja confirmado como técnico da seleção brasileira.
Caso ocorra o improvável e Levir não acerte contrato com a CBF, os outros treinadores que têm mais chance de comandar a seleção brasileira são Paulo César Carpegiani, atualmente sem clube, e Emerson Leão, do Sport.
Mesmo que defina o nome nos próximos dias, Ricardo Teixeira vai fazer o anúncio do substituto de Wanderley Luxemburgo, demitido no sábado, apenas depois do jogo entre Brasil e Venezuela, domingo, em Maracaibo, pelas Eliminatórias para a Copa de 2002. O auxiliar-técnico Candinho dirigirá a equipe na Venezuela. Teixeira diz não ter pressa, porque o outro jogo da seleção será no dia 14 de novembro, contra a Colômbia, no Morumbi.
Currículo - Levir é paranaense, tem 47 anos e destacou-se como técnico dirigindo o Cruzeiro. Seu principal título pela equipe mineira foi o da Copa do Brasil de 1996. Em 2000, foi campeão paulista com o São Paulo e vice da Copa do Brasil. Dirigiu o Criciúma na Copa Libertadores de 92 e levou o time catarinense às quartas-de-final. Em 97, trabalhou no Japão. Antes de ser técnico, Levir Culpi atuou como zagueiro. Teve boa passagem pelo Santa Cruz, na década de 70. "Fui um bom zagueiro, tinha técnica", garantiu.