São Paulo - Ricardo Teixeira assumiu a Presidência da CBF em 89. Há 11 anos não tem feito outra coisa a não ser interferir no destino da seleção brasileira.
Teixeira não age sozinho. Define suas decisões depois de consultar um seleto grupo de amigos. Foi assim quando inventou Sebastião Lazaroni como treinador em 89, no seu primeiro mandato, e tem sido assim até hoje, como no ato da demissão de Luxemburgo.
Os principais interlocutores de Teixeira são J.Hawilla, empresário de marketing esportivo; Kléber Leite, ex-presidente do Flamengo; Jorge Salgado, corretor carioca; Marco Antônio Teixeira, seu tio e secretário-geral da CBF, e Marcos Moura Teixeira, seu primo e coordenador .
Conselhos desses senhores têm peso de um consenso de ministros de Estado.
Teixeira tem bons amigos na TV Globo e ótimo relacionamento com dirigentes como Fábio Koff, presidente do Clube dos 13, e Mustafá Contursi, presidente do Palmeiras.
A Nike está fora desse processo. No contrato que assinou com a CBF, em outubro de 96, a empresa exige apenas cinco amistosos por ano da Seleção e outros lances de marketing esportivo, que um contrato de US$ 200 milhões recomenda. A patrocinadora não se envolve em convocações de jogadores.
Quando Teixeira percebe que os comandantes da Comissão Técnica destoam do seu discurso, passa a guilhotina. O presidente da CBF primeiro sustenta os eleitos até o limite antes da demissão. Em 89, segurou Lazaroni depois de uma crise sem precedentes. Levou o treinador à Copa de 90 e colecionou um dos maiores desastres da história do futebol brasileiro. Em 91, nomeou Falcão como sucessor de Lazaroni. Pressionado por interesses do futebol carioca, tirou o ex-jogador do comando em menos de um ano.
Apostou em Parreira, a partir de 91. Bancou a crise das Eliminatórias de 93 e consagrou o modelo com a conquista do tetra em 94. Lançou Zagalo como sucessor de Parreira. As águas ficaram turvas e, na véspera da Copa de 98, cortou as asas de Zagalo demitindo o preparador físico Luiz Carlos Prima e nomeando o ex- jogador Zico como coordenador-geral.
Apesar de negar sempre, como declarou ontem na coletiva na CBF, Teixeira interfere nas convocações. Desde Falcão, exige que os técnicos da Seleção submetam a lista dos convocados à presidência da CBF. Falcão não aceitou a imposição e caiu. Parreira e Zagalo não se importaram.
Luxemburgo aceitou a imposição no início e depois resolveu agir por conta própria. No episódio da Olimpíada, Luxemburgo queria levar atletas acima de 23 anos. Teixeira não permitiu. O ouro olímpico não veio e Luxemburgo foi embora.