São Paulo - Candinho faz questão de trazer um peso emocional para a partida de domingo contra a Venezuela. Ainda bastante frustrado com o fim do projeto de chegar à Copa do Mundo de 2002 com Wanderley Luxemburgo, o treinador interino quer homenagear o demitido. O auxiliar quer fazer do jogo uma homenagem ao amigo. E já promete que não continuará de jeito nenhum no comando da seleção. Nem se o presidente Ricardo Teixeira exigir.
"O Wanderley saiu da pior maneira possível da seleção brasileira. Houve várias injustiças com ele. Eu, como amigo dele, tenho a obrigação de montar o time para ganhar da Venezuela e dedicar a vitória ao Wanderley, que tinha grandes planos para o Brasil. Mas infelizmente não pôde vê-los realizados. A seleção vai jogar por Luxemburgo", promete Candinho.
Ele confidencia que conversou por horas com Luxemburgo depois que sua demissão foi efetivada. Se o ex-treinador quisesse, o auxiliar não assumiria o cargo contra a Venezuela.
"O Wanderley ficou abalado, lógico. Mas como a conversa com Ricardo Teixeira foi amigável, ficou mais fácil trabalhar essa última partida. Se houvesse briga entre os dois, eu não ficaria para o jogo. O Wanderley até me estimulou para que não abandonasse o barco agora. Entendemos que não haveria tempo e o presidente Ricardo Teixeira não poderia chamar outro treinador para fazer novas convocações já para a partida de domingo."
Candinho jura que não ficará trabalhando com a seleção brasileira depois da partida em Maracaibo. Nem se a equipe jogar de uma maneira “fantástica” e golear os venezuelanos. "Pode acontecer o que for em campo. Eu sou fiel ao meu amigo. Quem me conhece sabe da minha personalidade. Tínhamos um projeto de chegar até a Copa do Mundo. Por circunstâncias que fugiram ao nosso controle, fomos impedidos de tocá-lo adiante. Com o Wanderley fora, eu também estou fora. Por mais que seja uma honra dirigir a seleção brasileira, primeiro vem a minha lealdade a um amigo."
Candinho não pretende apresentar grandes novidades para a convocação dos jogadores que atuam no Brasil, nesta terça-feira, no Rio. A maior dúvida que persistia até a noite e que exigiu longa conversa com o presidente Ricardo Teixeira foi a conveniência ou não de chamar atletas que fracassaram na Olimpíada. Se continuasse no cargo, Luxemburgo não iria chamar os jogadores que o decepcionaram, como Ronaldinho Gaúcho e Alex. Mas não há a certeza que Candinho siga essa recomendação.
O que Candinho não abre mão é de vencer bem a Venezuela. Mais do que a fragilidade do adversário, o que pesa é a situação na tabela de classificação. "Nós temos a obrigação de ganhar os três pontos. Como essa partida fecha o primeiro turno das Eliminatórias, a vitória poderá deixar o Brasil como o segundo colocado. Posição que garantiria a classificação à Copa do Mundo. Quero deixar a seleção na melhor posição possível para o sucessor do Wanderley. Os jogadores serão muito cobrados e terão de dar uma resposta em campo", avisa Candinho.
O esquema tático será ofensivo. Há a possibilidade de jogar com três atacantes em Maracaibo. A idéia do treinador é massacrar o adversário. "Nunca jogamos na defesa. Pelo contrário. Se há uma seleção no mundo que não tem medo de atacar é a brasileira. Temos de respeitar nossa tradição. E será assim que enfrentaremos a Venezuela. Levarei em conta essa nossa maneira de atuar na convocação que farei amanhã. O time será ofensivo", antecipa.
A convocação dos jogadores que atuam no Brasil será distribuída para as redações de jornais, rádios e televisões. "Não há por que chamar uma nova entrevista coletiva. Quero saber é de trabalhar, quarta-feira logo cedo, em Teresópolis", diz o substituto de Luxemburgo.