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Ferrari tenta conter euforia no Japão
Quarta-feira, 04 Outubro de 2000, 14h40
Atualizada: Quarta-feira, 04 Outubro de 2000, 15h37

Reuters/Arquivo
Schumacher testando em Monza

Suzuka - Os ensinamentos com as três últimas edições do campeonato foram tantos que a direção da Ferrari não quer nem pensar em comemorações antecipadas. "Não programamos absolutamente nada nesse sentido", afirmou, com veemência, em Suzuka, o assessor de imprensa da equipe, Claudio Berro. Nesta quinta-feira, Michael Schumacher, da Ferrari, e Mika Hakkinen, McLaren, falam das suas expectativas com relação ao GP do Japão, prova que pode dar à Ferrari, no fim de semana, o título perseguido há 21 anos.

Em 1997, Michael Schumacher e Jacques Villeneuve, da Williams, foram para a última corrida do ano, em Jerez de la Frontera, para definir o campeonato. Deu o canadense. Em 1998, Michael Schumacher e Mika Hakkinen, da McLaren, disputaram o Mundial em Suzuka e o finlandês venceu. Ano passado a Ferrari apresentou Eddie Irvine para confrontar-se com Hakkinen no Japão e perdeu de novo. Nos três últimos mundiais os italianos deixaram escapar a chance de quebrar o tabu sem títulos na prova final. Foi uma grande escola. Por isso, Berro fez questão de deixar claro que nada ainda foi conquistado. "Até o presidente ficará em casa, em Bolonha”. Desta vez, porém, a matemática joga bem a favor do alemão da Ferrari, que tem 88 pontos diante de 80 de Hakkinen. Restam as etapas de Suzuka, domingo, e da Malásia, dia 22.

Nesta quarta-feira, já no Japão, Schumacher também entrou no coro dos que não desejam comemorações sem a garantia da conquista. "Estamos perto, é verdade, mas se não der certo aqui em Suzuka dispomos de uma segunda chance, na Malásia", afirmou. Domingo à noite ele viajou de helicóptero de Hockenheim, onde participou de um evento da Ferrari, para Colônia, a fim de voar com seu avião particular para o Japão, não sem antes fazer um pit stop de dois dias em algum lugar não revelado.

Rubens Barrichello representou a Ferrari nesta quarta-feira num encontro promovido pela Shell, em Tóquio. Ambos estarão nesta quinta-feira no autódromo. A Ferrari trouxe um novo aerofólio dianteiro experimentado com sucesso por Schumacher em Mugello, semana passada, quando bateu o recorde da pista. Schumacher atribuiu o excelente tempo de 1min24s056 (o recorde anterior era dele mesmo, com 1min24s705) aos novos pneus da Bridgestone, desenvolvidos para Suzuka. Haverá pela primeira vez este ano um único tipo de pneus à disposição dos pilotos, o composto médio.

A medida não deixa de ser uma ajuda à Ferrari, já que a McLaren consegue sempre um ajuste bem mais eficiente que o dos italianos quando equipa seus carros com os pneus mais macios, não disponíveis no Japão. Michael Schumacher pode entrar no fim de semana para o seleto grupo dos pilotos que venceram três vezes o campeonato. A mesma chance pode ter Mika Hakkinen, dia 22 na Malásia, se a disputa se estender até lá. Até agora, apenas cinco pilotos ganharam o Mundial três vezes: o australiano Jack Brabham, o escocês Jackie Stewart, o austríaco Niki Lauda, e dois brasileiros, Nelson Piquet e Ayrton Senna.

O último campeão da Ferrari, o sul-africano Jody Scheckter, afirmou para a imprensa inglesa: "Sinto que estou perdendo a minha coroa”. Para Scheckter, a Ferrari e Michael Schumacher merecem o título. "Foi muito divertido manter-me tanto tempo com essa coroa, mas eles trabalharam duro mesmo e irão conquistar o título”. Da época de Scheckter campeão, 1979, só restou um técnico na Ferrari, Giuseppe Valpreda, da Magneti-Marelli, responsável pela eletrônica do carro. Apesar da autorização de Berro para falar, Valpreda não quis conversar com a imprensa nesta terça.

"Os tempos eram outros, os recursos dos carros bem distintos", limitou-se a dizer. Ele recordou as bobinas usadas na época, hoje integradas às velas, as dimensões espantosas do alternador de voltagem e da bateria, atualmente em forma de miniatura. Nem uma palavra sobre as comemorações com Scheckter foi pronunciada. Sabe-se que o principal patrocinador do sul-africano, a fábrica de goma de mascar Broklin, organizou próximo de Monza uma grande festa para todo a equipe. Desta vez, se houver a chance, será na base do improviso.

Agência Estado


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