Suzuka - A única saída para Mika Hakkinen, atual bicampeão do mundo, evitar uma derrota no Japão, segundo ele próprio, é vencer a corrida a qualquer custo. "Tenho de tentar frear três metros mais tarde em cada curva", afirmou. Michael Schumacher, do seu lado, respondeu-lhe nesta quinta-feira em Suzuka: "Nesse caso eu vou tentar frear 5 metros depois." Os dois disputam a partir desta sexta-feira o título mundial.
Com oito pontos de desvantagem na classificação, 80 a 88, Hakkinen reconheceu nesta quinta-feira que a alternativa é "vencer ou vencer" para estender a definição do campeonato para a última etapa, dia 22 na Malásia. "Vim aqui para isso, como fiz no ano passado." Apesar de o finlandês já estar na pista nesta sexta-feira, acertando sua McLaren nos treinos livres, a última etapa do Mundial não lhe saiu totalmente da cabeça. "Ter de abandonar a corrida numa fase do Mundial onde cada ponto é importante foi dramático; fiquei profundamente desapontado." O motor Mercedes da sua McLaren rompeu-se na prova de Indianapolis quando ele se aproximava de Schumacher para lutar pelo primeiro lugar.
Norbert Haug, diretor da Mercedes, pediu nesta quinta-feira desculpas ao finlandês na frente de todos. A vitória deu ao alemão da Ferrari a liderança do Mundial. Nesta quinta-feira, Schumacher comentou que o fato de poder ser campeão não muda a forma de ele se preparar para a corrida. "Só vou pensar em administrar minha vantagem se estiver em segundo e os riscos para tentar uma ultrapassagem forem muito grandes." Quando ele disse que tentaria brecar ainda mais tarde de Hakkinen para vencer, o piloto da McLaren lhe respondeu que nesse caso ele pararia na grama. "Vamos juntos então", falou Schumacher para o adversário. Tudo o que se espera na Fórmula 1 é que os tempos em que um piloto tirava o outro da prova para beneficiar-se da vantagem de pontos na classificação tenham chegado ao fim. Se os dois acabarem fora da pista, Hakkinen teria necessariamente de vencer na Malásia e torcer para Schumacher não marcar um único ponto para ficar com o título.
Se possível, o piloto alemão não deseja contar com Rubens Barrichello para conquistar o campeonato. "Eu prefiro me envolver sozinho numa batalha com Hakkinen." Já Hakkinen perguntou a um jornalista o que ele desejava dizer "com contar com a ajuda do segundo piloto", David Coulthard. "Eu desconheço essa situação", declarou em tom duro. O finlandês sempre defendeu a definição de uma hierarquia dentro da McLaren, com ele como primeiro piloto, claro.
Este ano, Coulthard venceu em Silverstone e na França, deixando Hakkinen em segundo. Os quatro pontos que ele deixou de somar em cada uma dessas provas, oito no total, representam exatamente a sua atual diferença para Schumacher. Agora, como matematicamente Couthard e Barrichello estão fora da luta pelo título, ambos trabalharão para seus companheiros.
"Depende", adiantou nesta quinta-feira Rubinho. "Se eu estiver numa colocação na prova em que isso é possível tudo bem", disse. "Aqui é cada um por si e Deus por todos." Schumacher comentou com os italianos, mas não em tom crítico, que a única ajuda efetiva de Rubinho ocorreu no GP do Canadá. O brasileiro estava mais veloz, em condições de ultrapassá-lo e vencer a prova, mas a direção da Ferrari lhe ordenou para manter-se em segundo. Depois da corrida de Indianapolis Rubinho viajou com a esposa, Silvana, para a Disney World, na Florida.
Constantemente, contudo, mantinha-se em contato com a equipe. "Sei que temos um novo aerofólio dianteiro para esta corrida e que os resultados dos testes em Mugello foram excelentes." Pedro Paulo Diniz, da Sauber, acha possível repetir em Suzuka o belo trabalho realizado no GP dos Estados Unidos, onde largou em nono e chegou até a andar em terceiro na corrida. Ricardo Zonta, da BAR, vem de duas ótimas sextas colocações, em Monza e em Indianapolis. "Teremos uma nova versão do motor Honda, desenvolvido para esta pista", confirmou.