Teresópolis - Ao se apresentar na seleção brasileira, nesta quinta-feira, o atacante Romário voltou a mostrar a sua face polêmica, ao atacar os seus principais desafetos. Em meio a uma concorrida entrevista, ele criticou Roberto Carlos e Edmundo de forma direta e fez insinuações contra Levir Culpi, candidato ao cargo de treinador, e Zico, de forma indireta.
Desde a sua chegada, o atacante demonstrou que é a principal estrela da seleção e que não abre mão de emitir opinião sobre todos os assuntos relacionados à seleção, sem medo de represálias.
Roberto Carlos foi o primeiro alvo da língua ferina de Romário. Ao ser informado de que o lateral-esquerdo do Real Madrid havia afirmado que ele era o responsável por estar fora da seleção, o atacante vascaíno declarou que, "quando Roberto Carlos tem oportunidade, só fala merda".
Para Romário, o lateral foi barrado por deficiência técnica e quis encontrar uma desculpa para isso. "Quando ele estava jogando (na seleção), eu não falava nada, agora, que estou atuando, não tem de falar nada."
Ex-companheiro de ataque de Romário no Vasco, Edmundo foi o seguinte a receber críticas. Quando questionado se aceitaria atuar na seleção ao seu lado, o atacante afirmou que não é a sua preferência.
Afirmou desconhecer se teve influência na não convocação do atacante santista, mas reconheceu que ficou feliz com a sua ausência. "Mas também se tive alguma influência pode até ser melhor." O terceiro na lista de Romário foi o técnico do São Paulo, Levir Culpi, que disse que o atacante não estaria na mesma condição física dentro de seis meses. "Então não tem de contratar um técnico, e sim, a mãe Diná", ironizou.
"Tem treinador afirmando que alguns jogadores nada rendem e depois mudam de
idéia. Se o Levir Culpi falou isso de mim, já começou mal, se é que ele será
mesmo o substituto do Wanderley. Já trabalhei com treinadores piores e a
lista é grande. Quando o meu filho Romarinho crescer, eu vou dizer o
seguinte para ele: seu pai foi muito bem no futebol, mas teve de aturar cada
mala...", afirmou.
Questionado se as declarações realmente se dirigiam a Levir, ele não se esquivou. "Se o Levir disse isso mesmo, é para ele mesmo", afirmou. "Se vai ser o técnico, já começou mal", emendou em relação a possibilidade de o técnico comandar a seleção.
Desafeto de algum tempo, Zico também não se livrou das alfinetadas do atacante vascaíno. Embora tenha evitado um ataque direto, ele disse que é para ajudar o Brasil "tem de vir pessoas que tenham sido vencedoras na seleção", em referência ao fato de o ex-jogador não ter ganho nenhum título importante.
"Mas prefiro não emitir opinião sobre o assunto." Se Zico e Levir vierem a integrar a comissão técnica da seleção, não vão encontrar resistência de Romário, mas vão enfrentar problemas.
"Já aturei tanta mala na seleção que não faz mais diferença, a minha carreira foi muito difícil", afirmou. Em toda a entrevista, Romário demonstrava um bom-humor, destilando 'veneno' para todos os lados.
Mostrou também que deseja prolongar a sua carreira na seleção. Em certo momento, chegou a afirmar que pretende superar a marca de gols de Pelé, maior artilheiro da seleção em todos os tempos. "Sei que é difícil, mas se é quase impossível porque não tentar?"
Para ele, o trabalho para a Copa do Mundo de 2002 tem de começar, agora, quando o novo treinador terá tempo suficiente para trabalhar. "Se ele não conseguir armar o time neste tempo, é muito incompetente mesmo."
Romário terá tratamento de rei dentro de campo. O técnico Candinho confirmou que vai mesmo armar um esquema para facilitar a vida do atacante. Por isso, os outros três jogadores do Vasco devem iniciar a partida contra a Venezuela, ao lado de Romário. Euller deve jogar no ataque e Juninho Paulista e Juninho Pernambucano, no meio-de-campo.
Romário reconheceu a sua importância na escalação dos companheiros de clube. "Em todas as seleções, o time sempre jogou em função do atacante."
O time que jogará no domingo deve ser o seguinte: Rogério Ceni, Cafu, Antônio Carlos, Cléber e Silvinho; Donizete, Vampeta, Juninho Pernambucano e Juninho Paulista; Euller e Romário.