Porto Alegre - Fábio Rochemback lembra pouco do seu primeiro Gre-Nal. Histórias para contar ele vai ter mesmo é do segundo. O de hoje à tarde, para ser mais preciso. Aos 18 anos, promovido quase direto dos juvenis em janeiro, o volante será o jogador mais jovem em campo no clássico 347. Até hoje, suas experiências em Gre-Nais foram um empate sem gols nos juvenis e a reserva no segundo clássico pelo Gauchão deste ano.
As noites de Fábio na concentração do Beira-Rio, onde mora, têm sido mais longas. Um misto de excitação e ansiedade atrapalham seu sono. Enquanto ele não chega, cria na sua cabeça uma seqüência de lances que culmina no seu gol.
"Bah! Um golzinho seria a realização de um sonho (pausa). Algo fantástico mesmo", diz Fábio, com certa dificuldade para definir com exatidão o sentimento.
Não é nenhum desatino esperar um gol de Fábio. O técnico Zé Mário o utilizará como um terceiro volante, mais adiantado à frente de Enciso e de Marcelo. Fábio possui força na marcação e qualidades ofensivas. É impetuoso no ataque. Não se intimida em tentar o chute de fora da área. Mostrou isso em sua estréia no campeonato nacional. Foi chamado em Porto Alegre para completar o time contra o Gama e deixou o campo elogiado.
Para quem vem de uma família de goleiros, Fábio até que é um jogador ousado. O pai, Juarez, foi goleiro de clubes do Interior nas décadas de 70 e 80. O tio, Jéfferson, conseguiu maior projeção. Era o goleiro do Fluminense na final da Copa do Brasil em 1992, no Beira-Rio. Juarez, colorado até o último fio de cabelo, não cabe em si de alegria. Foi quem mais incentivou Fábio. Em 1998, viajou os 222 quilômetros desde Soledade com o filho, então ala direito juvenil da UPF, time de futsal de Passo Fundo, para apoiá-lo na peneira do Inter. Acompanhou com aflição cada um dos 10 dias de testes do garoto no Beira-Rio.
"Ele ficava sofrendo atrás da tela, torcendo em cada lance. Por isso, devo tudo a ele", agradece o volante.
Juarez também está inquieto com o Gre-Nal. Tem ligado diariamente para o filho. Hoje, chega a Porto Alegre especialmente para o clássico.
Será o principal jogo da incipiente carreira de Fábio. Enciso, matreiro, com Copa do Mundo no currículo, tratou de tranqüilizá-lo. Os dois nunca jogaram juntos, mas o paraguaio desfiou elogios.
Diz tratar-se de um jogador de qualidades e um companheiro leal, de excelente caráter. Marcelo, o outro volante, seguiu a mesma linha. Zé Mário foi quem deu o maior respaldo para o jovem volante. Ressaltou suas qualidades técnicas e a personalidade para enfrentar o clássico. O jogo mais importante da vida de Fábio. Por isso, um “golzinho” seria bastante oportuno.