Porto Alegre - Se o quesito união do grupo marcasse pontos no Campeonato Nacional, o Inter estaria no topo da classificação. Até quarta-feira.
Durante e depois da partida contra a Portuguesa, um princípio de crise abalou a solidez do elenco comandado por Zé Mário. Discussões que ficavam restritas ao vestiário acabaram expostas em público.
Na chegada a Porto Alegre, Lúcio não escondeu a contrariedade com as críticas feitas por Serginho à defesa. Elivélton foi além. Disse que a vaidade está corroendo o grupo e pediu vergonha na cara.
“Quando se ganha, ganham todos. Quando se perde, é a mesma coisa. Não é culpa de fulano ou sicrano, temos que acabar com isso e tirar o Inter dessa situação. Precisamos mostrar vergonha na cara e deixar a vaidade de lado. Tudo isso é a vaidade que faz”, disse.
Os próprios jogadores começaram a cirurgia para evitar o iminente racha. Na quinta-feira, a direção assumiu o comando da situação e tratou de apagar o princípio de incêndio no vestiário. Coincidência ou não, o atacante Serginho, pivô de toda a instabilidade, foi dispensado. Melhor, teve atendido pelo Inter seu desejo de voltar para o futebol árabe.
Pela manhã, na chegada a Porto Alegre, Serginho anunciou o acerto com o Al Nassr, um dos principais clubes dos Emirados Árabes. O jogador deverá viajar amanhã para o Oriente Médio. Trocará a posição de titular do Inter pelas regalias digna de um craque com fama nos países árabes. Lá, Serginho recebe tratamento de rei, atestam Zé Mário e o coordenador técnico João Paulo Medina, que o conheceram na passagem pelo futebol árabe.
O Al Nassr é o mesmo clube que apresentou uma proposta para Serginho há três semanas. Na ocasião, o jogador tornou pública a sua vontade de aceitá-la. Alegava estar sendo perseguido pela torcida e perdendo dinheiro. Insistiu para deixar o Beira-Rio, mas foi convencido a permanecer.
Ontem, porém, não houve como segurá-lo. Depois de criticar a defesa pelos gols da Portuguesa, o exílio do atacante no calor do Oriente Médio acabou sendo a única saída para trazer de volta a harmonia ao Beira-Rio.
As declarações de quarta-feira foram a última gota. O estilo falastrão de Serginho destoava do grupo, mas era administrado no vestiário. Até mesmo as suas cobranças a outros jogadores, às vezes acintosas, acabavam contornadas. Até o intervalo contra a Portuguesa. Hiran, que estava na reserva, Enciso, Marcelo e Leonardo Valença o cobraram dentro de campo pelas críticas à defesa.
Um integrante da comissão técnica confessou na quinta ter temido que a discussão se transformasse em algo mais grave. A direção nega que Serginho esteja saindo por falta de ambiente no grupo. Como tinha alugado o passe ao Inter, o atacante teve de pagar a multa resciisória para jogar no Al Nassr.