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Nike lamenta o fraco futebol em campo
Quinta-feira, 19 Outubro de 2000, 01h46

São Paulo - O fraco desempenho da seleção brasileira dentro de campo é, para a imagem da Nike, muito mais prejudicial do que a própria Comissão Parlamentar de Inquérito(CPI) que recebeu o nome da empresa de material esportivo norte-americana, segundo grande parte dos consultores esportivos e analistas de mercado de capitais no Brasil.

Para o consultor-esportivo Antônio Afif, por exemplo, o contrato entre a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Nike está baseado, principalmente, na atuação da empresa na área de marketing esportivo da confederação. Afif ressaltou que o lucro maior da Nike nesta área vem das negociações dos direitos de transmissão pela televisão dos jogos da seleção.

"A venda de produtos é uma parcela menor da receita neste caso." Pelo contrato, a CBF receberá da Nike US$ 160 milhões por 10 anos. Além disso, a empresa americana investirá mais US$ 150 milhões em publicidade com a seleção e US$ 1 milhão em veículos para transporte das delegações. Também destinará US$ 500 mil por ano em material esportivo. A Nike precisou pagar US$ 10 milhões para a Umbro, antiga fornecedora da CBF, como uma multa rescisória do contrato da empresa com a confederação, que estava em vigência e foi interrompido.

Caso haja a renovação de contrato a partir de 2006, a Nike desembolsará outros US$ 43 milhões por mais quatro anos.

Segundo Afif, outra importante fonte de renda da empresa vem da realização dos 50 jogos da seleção brasileira que a empresa tem o direito de organizar durante os 10 anos de contrato com a CBF. "E dificilmente a seleção brasileira deixará de ser atração em qualquer lugar."

Sua única ressalva é a má fase pela qual a equipe nacional vem passando nos últimos meses. "É isso que preocupa mais a Nike."

Antônio Afif ressaltou, no entanto, que não é bom para qualquer empresa ter seu nome envolvido numa CPI. "É uma situação desagradável mas, do ponto de vista financeiro, isto deve afetar pouco a empresa.'' Já o analista de empresas Harold Thau, ex-presidente da Associação Brasileira de Mercado de Capitais em São Paulo (Abamec-SP), acredita que, por tratar-se de uma multinacional, a Nike não deverá arranhar-se muito neste caso. "A não ser que se descubra uma cláusula abusiva no contrato", completou.

O Estado de S.Paulo


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