Porto Alegre - Ronaldinho chegou ao Olímpico faltando 10 minutos para o início do treino. Atravessou o estacionamento em alta velocidade com seu Marea de vidros escurecidos por uma película. Criou-se no Olímpico e, por isso, conhece suas entradas secretas. Deixou o carro no portão 7, ao lado do ônibus do clube e entrou no vestiário pelo refeitório. Saiu de lá meia hora depois. Boné com a aba para trás, mais parecia cantor de rap. Aparentando tranqüilidade, concedeu entrevista em que evitou polemizar com Celso Roth.
Você perdeu dois pênaltis nos últimos jogos. Continuará pedindo para cobrar?
Ronaldinho - Vou treinar cada vez mais e provar que posso seguir batendo. Grandes jogadores já erraram e aprenderam muito com isso. Espero tirar lições disso.
Como voce vê as cobranças do técnico Celso Roth pelos erros contra o Guarani?
Ronaldinho - Isso é normal, tenho que levantar a cabeça. Quando se cobra de um jogador, é sinal de que ele tem capacidade de fazer. E isso me agrada. Se a equipe crescer de uma forma geral, tudo vai melhorar.
O fracasso na Olimpíada está causando algum reflexo no seu futebol?
Ronaldinho - Não, isso já é passado. Encaro esse ano como o de muitas realizações. Consegui concretizar muitos sonhos que tinha desde pequeno.
O fato de estar cinco anos sem férias acaba causando um estresse, principalmente por você ser muito cobrado?
Ronaldinho - Para mim jogar futebol não é cansativo. Quando entro em campo estou realizado, fazendo aquilo que mais gosto. Quando estou de folga, acabo sempre me envolvendo com futebol de alguma forma. Tenho sentido é saudade de casa, pois tenho passado muito tempo longe. Às vezes, sinto falta de dormir na minha cama, essas coisas.
A marcação tem sido forte dentro de campo e fora dele também, com as torcidas sempre cantando que você afundou a seleção. Isso acaba atrapalhando?
Ronaldinho - Quanto às torcidas, não. Acabam me motivando mais. Os adversários têm me marcado mais de cima, prestam mais atenção em mim dentro de campo. Mas estou lá para superá-los.