Porto Alegre - A derrota para o Fluminense no Maracanã trouxe mais dissabores ao técnico Celso Roth que perder a oportunidade de ingressar na zona de classificação. Após o jogo – e na quinta, na reapresentação –, pipocaram queixas de jogadores quanto ao seu aproveitamento no time. E de nomes consagrados: Ronaldinho, Paulo Nunes e Zinho.
Depois de emprestar um mínimo de equilíbrio ao Grêmio, antes desgovernado feito carro sem freio, o técnico precisa agora administrar as estrelas de um grupo milionário.
Zinho, no intervalo, disse que não agüentava mais tomar gols de bola parada, numa alusão ao setor defensivo. E Ronaldinho adoraria não ser mais atacante. Ali, diz o artilheiro, precisa acompanhar o zagueiro na saída de jogo adversária. Assim, dificilmente apanha a bola no meio-campo e parte de frente para a área. Sua preferência é a meia-direita. Nesta posição, teria de acompanhar um dos volantes inimigos. Ao retomar a bola, estaria no meio-campo, podendo iniciar a jogada de frente, sem esperar para receber o passe de costas – e imprimindo velocidade ao escapar das irritantes batidas nos calcanhares.
“Gosto de jogar do meio para a frente. Meu negócio é ir aonde a bola está, criando as jogadas, avançando com a bola dominada em direção ao goleiro, de frente. Não gosto de ficar no espaço vazio, estas coisas”, disse Ronaldinho. “Jogando dessa forma, eu sou mais eu.”
Só que, por enquanto, Ronaldinho vai ficar só querendo voltar ao meio-campo. Roth até concorda com as razões do seu pupilo. Também acha o meio-campo seu lugar ideal. O problema é o tempo. Isto mesmo, tempo. Sem um período para ensinar o jogador a ser mais participativo como convém a um meia-de-ligação, nada feito.
“O problema é que o Ronaldo está sempre na seleção. Mal tenho tempo de conversar com ele. É jogo em cima de jogo. Esta semana, mal conseguimos realizar coletivo. E, na seleção, ele é atacante. No ataque, o envolvimento com a marcação é bem menor. No meio, tem que cercar, voltar, cobrir espaços. Por isso, por enquanto, ele ficará ali”, disse Roth.
“Se eu tivesse a atuação de alguns colegas no
Maracanã, seria crucificado”, disse Paulo Nunes.
Paulo Nunes, inclusive, tem permanecido na equipe justamente para dar mais liberdade às flutuações de Ronaldinho. É por isso que o treinador elogia o desempenho tático de Paulo Nunes: é um recado aos seus críticos. Em suma, o camisa 7 estaria jogando mais para o time do que para a torcida. E isto, claro, incomoda o atacante.
Aborrecido por ter começado o jogo na reserva, lamentou a pressão da torcida e da imprensa em favor do centroavante Warley. De acordo com ele, estes são os responsáveis por sua remoção ao banco.
“Se eu tivesse a atuação que alguns colegas tiveram contra o Fluminense, seria crucificado. Sei que sou o mais cobrado por tudo o que já fiz, mas tudo o que acontece no Grêmio é culpa do Paulo Nunes. Pois bem, está provado: contra o Fluminense eu não joguei e nós perdemos”, falou, referindo-se ao fato de ter perdido a vaga para Warley.