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Internet vira arma do Senado na CPI do Futebol
Domingo, 22 Outubro de 2000, 01h06

São Paulo O relator da CPI do Futebol no Senado pretende fazer da Internet sua principal aliada na descoberta de casos de corrupção e sonegação de impostos envolvendo atletas, clubes e dirigentes. O senador Geraldo Althoff (PFL-SC) revelou ontem que quer criar um site para receber denúncias anônimas, iniciativa inédita na história do Congresso Nacional.

Com a experiência de quem participou da CPI do Judiciário, que resultou na cassação do senador Luiz Estevão, Geraldo acha que a Comissão instalada para investigar o futebol não vai terminar em pizza. "Essa CPI, assim como a do Judiciário, vai ter começo, meio e fim. Nesses 180 dias vamos trabalhar muito", diz. "O site na Internet vai ser um canal para que a sociedade participe ativamente"

O relator da CPI do Senado está buscando o máximo de discrição nos primeiros dias do trabalho. Não revela quais pessoas pretende chamar para depor. Não cita nomes. "Não quero envolver ninguém sem ter a documentação necessária nas mãos. Quero ser responsável", diz o relator. "Quero que minha atuação na CPI seja marcada pela discrição. Esse é o meu estilo."

No final de semana, ele vai elaborar um cronograma de trabalho da CPI, que será apresentado aos outros senadores na segunda-feira, em Brasília. "Teremos uma primeira fase de quinze a vinte dias para busca de informações", diz ele, esperando os documentos que devem ser enviados pela Receita Federal e pelos clubes nos próximos dias.

Depois, ele e a Comissão vão discutir a lista de pessoas que serão chamadas para os depoimentos. Por enquanto, ele não é direto sobre a polêmica que está envolvendo uma possível convocação do deputado Eurico Miranda para depor no Senado. Anteontem, o deputado Luciano Bivar (PFL-PE) disse que a CPI do Senado não deveria ser levada a sério e que Eurico não deveria depor.

O próprio vice-presidente do Vasco reagiu com raiva quando soube da hipótese. Geraldo não toma posição sobre o caso, mas manda um recado para Eurico. "Se a Comissão do Senado achar que o depoimento dele é necessário, ele será chamado. Não tenho medo dos truculentos", diz.

Médico, 53 anos, Geraldo assumiu o posto no Senado no final de 1998, com a morte de Vílson Kleinubing. Até então, era suplente. Conselheiro do Tubarão Futebol Clube, time da Primeira Divisão catarinense, ele rebate as críticas de quem acha que ele não seria isento por ser ligado a um clube. Explica que trabalhou pela fusão dos dois clubes da cidade (Ferroviário e Hercílio Luz) que resultou na criação do Tubarão. Com isso, foi convidado para ser conselheiro no novo clube. "Tubarão é uma cidade com 80 mil habitantes. Me chamaram para ser conselheiro porque é difícil arranjar cem pessoas dispostas a isso em uma cidade daquele tamanho".

Jornal da Tarde


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