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Presidente da CBF prepara ‘golpe’ na CPI
Domingo, 22 Outubro de 2000, 02h30

São Paulo - O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, quer dar um "golpe de judô" nos adversários durante as CPIs, que foram instaladas essa semana no Congresso. Ele não diz o que fará, mas já adiantou a amigos que a CBF tem muito menos a temer do que alguns cartolas e empresários. Para Teixeira, o furor investigativo dos deputados vai chegar aos clubes, que têm vários representantes nas próprias comissões.

"Quando a CPI apurar a transferência de jogadores dentro do País e comparar o preço de compra e venda, muitos sigilos poderão ser quebrados", insinua um assessor do presidente. "Assim como no judô, ele vai usar a força do oponente para derrubá-lo."

Em outras palavras, continua o auxiliar, Teixeira não vai atacar ninguém, mas também nada fará para impedir a investigação. "A CBF é apenas um cartório, onde todas as transações são registradas", lembra o assessor. "Os dados não podem ser alterados e estarão à disposição da CPI."

Embora tenha até colaborado na campanha de alguns deputados da CPI, como Darcísio Perondi (PMDB-RS) e Eurico Miranda (PPB-RJ), Teixeira confessou que cansou do papel de vilão. "Agora será cada um por si, porque na CPI o Eurico e os outros estão só defendendo o próprio interesse", afirma um amigo do presidente.

Teixeira será um dos primeiros a depor na CPI da Nike, na Câmara, e um dos últimos a ser chamados pela CPI do futebol, no Senado. "Por mim iria hoje mesmo, porque estou louco para depor", afirmou Teixeira ao Estado, na sexta-feira. "Muitos ficarão surpresos com o que vou falar na comissão", promete. Perguntado sobre o conteúdo de suas revelações, Teixeira manteve o suspense. "Se falasse agora, não seria mais surpresa."

Mesmo convicto de que não há base legal para uma CPI investigar um contrato privado, como o da CBF com a Nike, Teixeira revelou a amigos que estava incomodado. "Ele percebeu que tinha virado um símbolo do que há de mais podre no futebol, enquanto muitos cartolas seguiam intocáveis", explicou um interlocutor. "De repente, ele tinha se transformado no capo (chefe mafioso) dos cartolas."

Teixeira, então, resolveu tentar dar a volta por cima. Contratou uma assessoria de Imprensa e deve reforçar sua equipe em Brasília. Além de um assessor legislativo, a CBF terá advogados acompanhando as CPIs. Também haverá um porta-voz para falar em nome do presidente. No final, a equipe de Teixeira acredita que vai virar o placar. "Ele quer aproveitar a CPI para propor mudanças no futebol", antecipa um assessor. "O futebol vai sofrer, mas isso acabará sendo bom para o esporte e a própria CBF."

O Estado de S. Paulo


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