São Paulo - As CPIs do Congresso que investigam o futebol brasileiro avançam sobre os empresários que são intermediários na venda de jogadores. Pelo menos dois deverão ser convocados nos próximos dias: Juan Figger, um dos empresários mais conhecidos no mundo do futebol; e Wagner Ribeiro, que na sexta-feira denunciou ao Estado uma proposta de US$ 25 mil para falsificar o passaporte do atacante França, do São Paulo.
De acordo com Wagner, há três meses um advogado português teria lhe oferecido o serviço, quando França estava para ser negociado com a Fiorentina, da Itália. "O depoimento desse empresário é importante, porque não se trata de um episódio isolado", avaliou o presidente da CPI da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP). "Acho que existe uma certa máfia de empresários inescrupulosos, atuando na transferência de jogadores."
Da mesma forma, o senador Álvaro Dias, presidente da CPI do Futebol no Senado, pretende ouvir Wagner sobre sua denúncia. "Podemos convocá-lo ou ouvi-lo informalmente para saber como funciona o esquema e até que ponto os empresários e dirigentes estão envolvidos", afirmou Dias.
Também por isso, ele adianta que vai pedir a convocação de Juan Figger, responsável por algumas transações milionárias de jogadores brasileiros para o exterior. "Nesta semana vou requerer a convocação do Figger, porque ninguém andou envolvido com tanto dinheiro em transação de jogadores quanto ele nos últimos tempos", explicou o presidente da CPI do Senado. "Ele deve ter muito para nos contar sobre o assunto."
Figger intermediou a venda do volante Edu, do Corinthians para o Arsenal da Inglaterra. Por causa das irregularidades no passaporte, Edu chegou a ficar detido na Inglaterra e teve de voltar ao Brasil. Como tem avô português, o jogador está tentando agora regularizar sua situação para se apresentar ao clube inglês até o final do ano.
Também há outros casos semelhantes, como o do goleiro Dida, do lateral Alberto, do volante Marcos Assunção e do atacante Warley, todos envolvidos em denúncias de passaportes falsos na Europa. "Tudo isso me parece estranho", diz o deputado Rebelo. "Será que os empresários desses jogadores não sabiam de nada?", prossegue. "Será que os atletas são tão inocentes assim?"